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VAREJO
Grupo Pão de Açúcar mantém
meta de chegar a US$ 7,5 bi até 2000
Crescer na crise é o novo jogo de Diniz
RICARDO GRINBAUM
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
Abílio Diniz, 60, dono do grupo
Pão de Açúcar, quer enfrentar a
recessão prevista para 99 com o
mesmo espírito competitivo com
que pratica esportes duas vezes
por dia.
Com US$ 500 milhões disponíveis em caixa, Diniz decidiu manter os planos de aumento do faturamento da rede dos US$ 5,2 bilhões, previstos para este ano, para US$ 7,5 bilhões até o ano 2000.
"Combinamos na empresa que
se as vendas caírem, serão às dos
nossos concorrentes. Esse é o nosso desafio. É como uma corrida. Se
pararmos, os que estão do nosso
lado passam na frente."
As condições para a prova do
Pão de Açúcar ficaram mais difíceis. Com o mercado internacional fechado para países em desenvolvimento, o grupo adiou a emissão de US$ 100 milhões em debêntures - títulos que rendem juros
- previstas para este ano.
"Não é um bom momento para
mexer nisso. Como fizemos outra
emissão de R$ 250 milhões, em
agosto, no Brasil, achamos que estava de bom tamanho."
Mesmo sem novas emissões, o
grupo chega aos 50 anos, completados em setembro, em expansão.
Em um ano, o grupo comprou lojas de seis redes, somando mais
US$ 1 bilhão ao seu faturamento
anual. Agora, estuda negócios nos
países vizinhos, do Mercosul.
Ao contrário de outros empresários, Diniz afirma que não têm
planos de recomprar as ações do
grupo, mais baratas com a crise.
"Emitimos ações com o compromisso de investir no crescimento
da empresa", afirma Diniz, "mas
isso não significa que a atitude de
outras empresas seja incorreta".
Dizendo-se confiante que o real
não será desvalorizado, o dono do
Pão de Açúcar acredita que remeter dólares para o exterior é uma
moda. "Essa é uma defesa que pode custar caro, é um movimento
que não acho correto."
Na sua opinião, o Brasil tem
condições de voltar a crescer no
ano 2000. Se nesse período, o Pão
de Açúcar cumprir seus planos -
e se a concorrência não for mais
rápida - o grupo passa do 83ª lugar no ranking mundial de supermercados, em 97, para o 48º lugar.
É um grande salto para uma empresa que começou com uma doçaria, em 48, e ganhou o nome de
Pão de Açúcar em homenagem à
primeira paisagem que o migrante
português, Valentim dos Santos
Diniz, pai de Abílio, viu ao chegar
de navio ao país, em 29.
Em meio século de história, o
Pão de Açúcar já foi a maior cadeia
de supermercados da América Latina, quase quebrou devido a problemas administrativos e disputas
familiares, e se tornou modelo de
recuperação empresarial.
Hoje, a empresa controlada por
Abílio, negocia suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo e Nova
York. A sucessão já foi decidida.
"As minhas ações de controle irão
para as mãos de dois dos meus
quatro filhos, a Ana Maria e o João
Paulo, em partes iguais."
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