São Paulo, Sexta-feira, 05 de Novembro de 1999 |
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TELES Fusão com MCI atrapalha sociedade na Intelig Sprint poderá ficar, admite Guerreiro
FERNANDO GODINHO da Sucursal de Brasília O presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Renato Guerreiro, admitiu ontem a possibilidade de a empresa norte-americana Sprint permanecer na Intelig mesmo após a sua fusão com a multinacional MCI WorldCom (também dos Estados Unidos). Essa hipótese pode comprometer a competição no serviço de telefonia fixa de longa distância (nacional e internacional). A Intelig, que deverá começar suas operações no final deste ano, vai concorrer com a Embratel nesse mercado. A Embratel é controlada pela MCI, que anunciou nos Estados Unidos a compra da Sprint em uma operação de US$ 129 bilhões. A Sprint possui 25% da Intelig. Guerreiro disse que ela poderá ficar com até 19,99% das ações da empresa, desde que não exerça controle operacional ou gerencial na concorrente da Embratel. Com base na Lei das Sociedades Anônimas, a Anatel determinou que o controle nas empresas de telecomunicação é exercido por quem tem 20% ou mais das ações com direito a voto. Quando a fusão da duas operadoras norte-americanas foi anunciada, a primeira reação da agência e do Ministério das Comunicações foi defender que a Sprint saísse da Intelig. Ontem, Guerreiro mudou o discurso. "É possível que ela (a Sprint) tenha até 19,99% das ações da Intelig desde que não tenha poder de mando na empresa. Essa é a regra do jogo." Pela legislação brasileira, uma mesma empresa não pode controlar duas operadoras que prestam um mesmo serviço (como é o caso da Embratel e da Intelig). Essa determinação está explicitada no Plano Geral de Outorgas, que disciplina a atividade das empresas privatizadas no setor de telecomunicações. O artigo 9º do plano veda "a qualquer empresa, sua coligada, controlada ou controladora", deter, "simultaneamente", autorização e concessão para exercer um mesmo serviço. A Embratel possui concessão para prestar o serviço de longa distância, e a Intelig possui uma autorização para o mesmo serviço. Além disso, a competição na telefonia fixa é defendida em diversos artigos da Lei Geral das Telecomunicações, que quebrou o monopólio da União no setor de telecomunicações e deu base legal para a privatização do Sistema Telebrás. O ministro Pimenta da Veiga declarou recentemente que o governo agirá caso a Sprint não deixe a Intelig. A Folha pediu ao ministro, por meio de sua assessoria, um comentário sobre as declarações de Guerreiro, mas não obteve resposta. Versão em português Guerreiro disse que a agência solicitou à MCI e à Sprint uma versão em português, com tradução juramentada, do acordo de fusão protocolado na Anatel. Isso poderá atrasar a análise da questão, mas Guerreiro afirmou que os técnicos e os diretores da agência não trabalharão com documentos escritos em inglês. Ele disse que, informalmente, os sócios da Sprint na Intelig (France Telecom e National Grid) já manifestaram interesse em adquirir parte das ações da empresa norte-americana na concorrente da Embratel. Texto Anterior: Luís Nassif: As críticas ao modelo elétrico Próximo Texto: Ajuste: Equipe descarta novo acordo com FMI Índice |
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