São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

Levantamento do sindicato dos donos de postos aponta alta no Estado de SP acima da expectativa da Petrobras

Gasolina sobe em média 12,9% na bomba

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento médio dos preços dos combustíveis para o consumidor em São Paulo superou as estimativas feitas pela Petrobras.
A Folha consultou postos de gasolina nas cinco regiões da cidade de São Paulo (incluído o centro). O preço da gasolina aumentou 12,9%, em média. Em alguns postos, o litro do combustível custava R$ 2,09. Em um, na zona sul, foi registrada a maior alta individual: o preço do álcool passou de R$ 0,849 para R$ 1,199 (mais 41%). Segundo os proprietários, houve só o repasse dos preços cobrados pelos distribuidores.
Mas, de acordo com pesquisa do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo) em 140 postos do Estado, o aumento médio para o consumidor foi de 10,8%. Em tese, os postos teriam absorvido parte do impacto.
A estatal anunciou, na sexta-feira, alta de 12,09% nos preços da gasolina nas refinarias -ou seja, aquela que é retirada pelos distribuidores. Para o diesel, o percentual foi de 20,50%, ambos em vigor desde aquela data. O gás de cozinha sofreu reajuste de 22,8%, mas vale a partir de hoje.
Na avaliação da Petrobras, o repasse ao consumidor seria menor: aumento médio de 9% para a gasolina e de 17% para o diesel. Com uma ressalva: o cálculo, segundo a empresa, partira do pressuposto de que distribuidores e revendedores não aumentariam suas margens de lucro e que seria mantida a tributação do ICMS.
O diesel, segundo o Sincopetro, teve o preço cobrado dos distribuidores aos postos reajustado na média em 20,31% -três pontos percentuais acima do previsto pela Petrobras. O aumento médio para o consumidor foi de 20%.
O álcool, cujo preço é determinado pela usinas, também subiu de preços no final de semana. Em média, a alta aos consumidores chegou a 24,57%.
"Como é que vamos aumentar só 9% como previa a Petrobras, se, para a gente, a gasolina chega 11% mais cara? Nós é que ficamos com a batata quente na mão, e os consumidores acusam-nos de ladrões", disse José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro.
Para o Sindicom (sindicato das distribuidoras), o reajuste maior que o estimado pela Petrobras deve-se à combinação de dois efeitos: repasse (por parte das distribuidoras) do aumento do álcool anidro (usado na mistura com a gasolina) e o próprio aumento de preços da estatal nas refinarias.
"As distribuidoras reajustam o preço do álcool anidro uma vez por mês, sempre no início do mês. Desta vez, coincidiu de haver esse repasse com o aumento da Petrobras", disse Alísio Vaz.
A estatal informou que "continuará monitorando os preços e efetuando alterações, para cima ou para baixo, visando manter preços competitivos".

Outras cidades
O preço do litro da gasolina em algumas cidades brasileiras ultrapassou a casa de R$ 2. Em Porto Seguro (BA), por exemplo, o litro do combustível era comercializado ontem por até R$ 2,34, um dos preços mais altos do país.
Em menos de 72 horas, os 114 postos de Salvador (BA) reajustaram o preço do produto duas vezes. Na sexta-feira, o consumidor pagava, em média, R$ 1,88 pelo litro -R$ 0,05 a mais do que no início da semana. Ontem, o preço da gasolina na capital baiana variava entre R$ 1,93 e R$ 2,15.
No Pará, o preço médio do litro é de R$ 1,94, mas chegou a R$ 2,26, segundo pesquisa do Dieese em 80 postos de Belém. Os reajustes variaram entre 2,15% e 22,22%. O preço médio do álcool em Belém é de R$ 1,36, mas o combustível chegou a ser vendido a R$ 1,59 em alguns postos.
No interior do Paraná, o litro da gasolina também passa de R$ 2 em alguns casos. Em Curitiba, o preço varia entre R$ 1,79 e R$ 1,99.


Com a Agência Folha

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