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Argentino reclama de mudanças
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
Setores exportadores do empresariado argentino protestaram
contra medida do governo brasileiro que estende a cobrança da
Cofins e do PIS aos insumos importados, sem fazer exceção aos
vindos de países do Mercosul.
Com a medida, todas as importações brasileiras serão tributadas
indiretamente. Estimativas apontam que os insumos que entrarem
no Brasil sofrerão um aumento de
cerca de 10% sobre o seu valor, a
partir de janeiro de 2004.
As mudanças constam da medida provisória editada pelo governo na última sexta-feira, que introduziu uma série de mudanças
tributárias. Um aumento nas alíquotas da Cofins e do PIS vinha
sendo discutido no âmbito da reforma tributária -mas apenas
para setores nacionais.
"[A medida] nos desconcertou,
nos surpreendeu", disse à Folha
Jorge Rodrigues Aparicio, presidente da Câmara de Comércio
Argentino-Brasileira.
"Esse tema era questionado internamente no Brasil, foi bastante
resistido [na reforma tributária].
O presidente Lula se antecipou a
uma decisão do Congresso. Destravou a questão e acabou estendendo os custos para os produtores de importados", avaliou.
Para Enrique Mantilla, presidente da Câmara de Exportadores da Argentina, "eles afirmam
que a medida iguala os produtores brasileiros aos importadores
porque a partir do próximo ano
todos serão tributados da mesma
forma. Mas a realidade é outra".
"Primeiro, porque o valor pago
é reintegrado ao produtor brasileiro quando realiza uma venda
no exterior, e segundo porque recursos do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador] terminam financiando as exportações brasileiras", explicou.
Apesar das reclamações do empresariado, a chancelaria argentina minimizou a questão. Aproveitando a reunião do Grupo
Mercado Comum ontem, em
Montevidéu, o subsecretário de
Integração Econômica e Mercosul, Eduardo Sigal, pediu esclarecimentos ao governo brasileiro.
A medida foi analisada em conjunto, mas, segundo Sigal, apesar
de haver benefícios aos produtores brasileiros, nenhum artigo
afeta as exportações argentinas
para o Brasil ou os acordos do
Mercosul.
"Essa é a tributação correta e
não há por que mudá-la", disse o
secretário-executivo-adjunto do
Ministério da Fazenda, Arno Augustin, ao ser questionado sobre
as reclamações argentinas contra
a mudança na Cofins.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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