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Atingido pela crise, Citi muda comando
Banco estima que perdas no mercado hipotecário de alto risco estão entre US$ 8 bi e US$ 11 bi; ações caíram 11% na semana passada
Sob ataque em razão de prejuízos bilionários no mercado imobiliário dos EUA, Charles Prince renuncia em reunião de emergência
DA REDAÇÃO
Atingido por perdas bilionárias no mercado de crédito
imobiliário dos Estados Unidos, o Citigroup anunciou ontem a renúncia de seu presidente e CEO, Charles Prince,
que estava sob pesado ataque
de seus acionistas.
Maior banco dos EUA e um
dos maiores conglomerados financeiros do mundo, o Citigroup também revelou que
seus prejuízos relacionados ao
mercado de hipotecas de alto
risco, chamado de "subprime",
estão avaliados entre US$ 8 bilhões e US$ 11 bilhões.
"Dado o tamanho das perdas
recentes em nossos papéis lastradas em hipotecas, o único
caminho honrado que eu poderia tomar como executivo-chefe era deixar o cargo", declarou
Prince. Sua saída foi decidida
em uma reunião de emergência
do conselho da instituição.
O cargo de presidente será
ocupado pelo ex-secretário do
Tesouro Robert Rubin, que dirige o comitê executivo do banco e é um de seus maiores acionistas. Win Bischoff, responsável pelo Citi Europe, assumirá
interinamente o cargo de CEO,
até que um substituto definitivo seja escolhido.
Esta é a segunda baixa no comando de uma grande instituição financeira dos EUA provocada pelas perdas decorrentes
de operações no mercado "subprime". Na semana passada, o
CEO da Merrill Lynch, Stan
O'Neal, deixou o cargo.
O lucro do Citi teve queda de
57% no terceiro trimestre, para
US$ 2,2 bilhões, em razão da alta da inadimplência em operações de crédito e do aumento
das provisões para perdas futuras em outros empréstimos.
Só no terceiro trimestre,
quando explodiu a crise no setor imobiliário de alto risco, o
valor das perdas e das provisões
somou US$ 6 bilhões.
Na semana passada, as ações
do Citi caíram 11%, diante da
expectativa de novas perdas
com o mercado imobiliário. A
queda foi provocada pelo rebaixamento da nota do Citigroup
por instituições que fazem avaliação de risco de crédito.
A consultoria CIBC World
Markets estimou que o banco
terá que arrecadar mais de US$
30 bilhões no curto prazo para
conseguir cumprir sua obrigações financeiras.
Prince, 57, assumiu o comando do Citigroup em 2003 e sua
atuação era criticada pelos
acionistas antes mesmo de a situação financeira do banco se
agravar. Na maior parte de sua
gestão, as ações do Citi tiveram
performance inferior às de outros grandes bancos. Na sexta-feira, as ações do grupo fecharam em US$ 37,73, patamar
20% inferior ao existente quando Prince se tornou CEO.
Na opinião de acionistas, o
Citigroup precisa de uma nova
liderança para superar a crise
atual, que estaria longe do fim.
Alguns analistas acreditam
que o grupo terá que enfrentar
novas perdas em seu balanço
em razão da turbulência no
mercado de crédito. Mike Mayo, do Deutsche Bank, estima
que o banco terá de fazer provisões de mais US$ 4 bilhões.
Na semana passada, as Bolsas em todo o mundo caíram
em razão de dúvidas quanto ao
impacto da crise do setor imobiliário sobre os bancos. Diante
da desconfiança, a oferta de dinheiro secou e o Fed foi obrigado a injetar US$ 42 bilhões no
mercado na quinta-feira, maior
valor desde os atentados de 11
de setembro de 2001.
A situação de Prince ficou
ainda mais delicada depois que
ele fez previsões otimistas para
o resultado do banco no quarto
trimestre, que mais tarde se
mostraram irreais. Tudo indica
que o balanço do Citi continuará a ser afetado pela crise.
Com agências internacionais
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