São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2008

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Governo amplia medidas de ajuda a exportadores

BC vai emprestar mais dólares a instituições que repassem recursos para comércio exterior

Também houve ampliação do acesso de pequenas e médias empresas às linhas do Proex, programa operado pelo Banco do Brasil

NEY HAYASHI DA CRUZ
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo tomou ontem novas medidas para tentar aumentar a oferta de linhas de crédito para os exportadores, que enfrentam dificuldade de captar recursos no mercado devido à crise financeira.
Para tentar resolver o problema de falta de moeda estrangeira no caixa das instituições financeiras, o Banco Central decidiu emprestar mais dólares a instituições financeiras que se comprometam a repassar os recursos para operações de comércio exterior.
Já para os exportadores propriamente ditos, o governo modificou as regras do Proex (Programa de Financiamento às Exportações) para ampliar o acesso de pequenas e médias empresas aos recursos do programa, operado pelo Banco do Brasil.
No caso do Banco Central, trata-se da segunda tentativa de aumentar a oferta de dólares para os bancos que financiam exportações. Hoje, US$ 2 bilhões em empréstimos em moeda estrangeira serão oferecidos às instituições financeiras por meio de um leilão -vencem aqueles que se comprometerem a pagar a maior taxa de juros pelo crédito.
Diante de problemas enfrentados no primeiro leilão, realizado há pouco mais de duas semanas, o BC alterou o mecanismo usado na oferta. Na primeira tentativa, os dólares foram emprestados por seis meses aos bancos, que, em troca, ofereceram como garantia títulos da dívida externa brasileira. A contar da data da liberação dos recursos, as instituições financeiras tinham 30 dias para procurar seus clientes e fechar os financiamentos.
Hoje, as regras serão um pouco diferentes. Em uma primeira etapa, o BC irá vender dólares aos bancos. Por 30 dias, as instituições financeiras terão que emprestar o dinheiro aos exportadores. Passado esse prazo, os bancos voltam ao BC e, apresentando os contratos de crédito como garantia, têm acesso a um crédito em dólares no mesmo valor pelos cinco meses seguintes.

Mudanças
No primeiro leilão realizado pelo BC, algumas instituições financeiras reclamaram que não puderam participar da operação porque não tinham títulos da dívida externa em suas carteiras. Na ocasião, o BC ofereceu US$ 2 bilhões ao mercado, mas só houve interesse para US$ 1,6 bilhão.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Mário Torós, negou que a mudança na metodologia do leilão signifique que a primeira oferta não deu certo.
"[O leilão de hoje] não é diferente, em termos de eficiência, em relação ao que já foi feito. É somente uma opção a mais", afirmou.
Os dólares leiloados sairão das reservas internacionais do país, que atualmente estão em cerca de US$ 203 bilhões.

Proex
No Proex, o governo ampliou de R$ 150 milhões para R$ 300 milhões o limite de faturamento anual das empresas que podem buscar esse tipo de financiamento. Outra mudança é que todos os financiamentos terão prazo mínimo de seis meses -anteriormente, algumas operações tinham prazo de 60 dias.
O Proex funciona com recursos do BB e do Tesouro Nacional. A dois meses do fim do ano, está sobrando 30% do orçamento disponível do programa, que é de R$ 1,3 bilhão para pequenas e médias empresas e R$ 1 bilhão para as grandes empresas. A sobra de dinheiro neste momento de falta de crédito mostra a redução de demanda por produtos brasileiros no exterior.
As grandes empresas também foram beneficiadas. O Tesouro Nacional poderá pagar até US$ 20 milhões do custo do financiamento de cada empresa no Proex Equalização.
Até agora, o máximo de equalização que o Tesouro poderia oferecer para cada companhia era de US$ 10 milhões. A equalização é o mecanismo pelo qual o Tesouro Nacional arca com 0,5% a 2,5% dos juros totais que seriam pagos pela empresa.
O governo decidiu também criar um grupo de trabalho para montar uma linha do Proex para pré-embarque, que vai financiar a produção do bem que será exportado. Até agora, o programa só financia o pós-embarque, ou seja, sua comercialização.


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