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Governo amplia medidas de ajuda a exportadores
BC vai emprestar mais dólares a instituições que repassem recursos para comércio exterior
Também houve ampliação do acesso de pequenas
e médias empresas às
linhas do Proex, programa
operado pelo Banco do Brasil
NEY HAYASHI DA CRUZ
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo tomou ontem novas medidas para tentar aumentar a oferta de linhas de
crédito para os exportadores,
que enfrentam dificuldade de
captar recursos no mercado devido à crise financeira.
Para tentar resolver o problema de falta de moeda estrangeira no caixa das instituições financeiras, o Banco Central decidiu emprestar mais dólares a instituições financeiras
que se comprometam a repassar os recursos para operações
de comércio exterior.
Já para os exportadores propriamente ditos, o governo modificou as regras do Proex (Programa de Financiamento às
Exportações) para ampliar o
acesso de pequenas e médias
empresas aos recursos do programa, operado pelo Banco do
Brasil.
No caso do Banco Central,
trata-se da segunda tentativa
de aumentar a oferta de dólares
para os bancos que financiam
exportações. Hoje, US$ 2 bilhões em empréstimos em
moeda estrangeira serão oferecidos às instituições financeiras por meio de um leilão
-vencem aqueles que se comprometerem a pagar a maior taxa de juros pelo crédito.
Diante de problemas enfrentados no primeiro leilão, realizado há pouco mais de duas semanas, o BC alterou o mecanismo usado na oferta. Na primeira tentativa, os dólares foram
emprestados por seis meses
aos bancos, que, em troca, ofereceram como garantia títulos
da dívida externa brasileira. A
contar da data da liberação dos
recursos, as instituições financeiras tinham 30 dias para procurar seus clientes e fechar os
financiamentos.
Hoje, as regras serão um pouco diferentes. Em uma primeira etapa, o BC irá vender dólares aos bancos. Por 30 dias, as
instituições financeiras terão
que emprestar o dinheiro aos
exportadores. Passado esse
prazo, os bancos voltam ao BC
e, apresentando os contratos de
crédito como garantia, têm
acesso a um crédito em dólares
no mesmo valor pelos cinco
meses seguintes.
Mudanças
No primeiro leilão realizado
pelo BC, algumas instituições
financeiras reclamaram que
não puderam participar da operação porque não tinham títulos da dívida externa em suas
carteiras. Na ocasião, o BC ofereceu US$ 2 bilhões ao mercado, mas só houve interesse para
US$ 1,6 bilhão.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Mário
Torós, negou que a mudança na
metodologia do leilão signifique que a primeira oferta não
deu certo.
"[O leilão de hoje] não é diferente, em termos de eficiência,
em relação ao que já foi feito. É
somente uma opção a mais",
afirmou.
Os dólares leiloados sairão
das reservas internacionais do
país, que atualmente estão em
cerca de US$ 203 bilhões.
Proex
No Proex, o governo ampliou
de R$ 150 milhões para R$ 300
milhões o limite de faturamento anual das empresas que podem buscar esse tipo de financiamento. Outra mudança é
que todos os financiamentos
terão prazo mínimo de seis meses -anteriormente, algumas
operações tinham prazo de 60
dias.
O Proex funciona com recursos do BB e do Tesouro Nacional. A dois meses do fim do ano,
está sobrando 30% do orçamento disponível do programa,
que é de R$ 1,3 bilhão para pequenas e médias empresas e R$
1 bilhão para as grandes empresas. A sobra de dinheiro neste
momento de falta de crédito
mostra a redução de demanda
por produtos brasileiros no exterior.
As grandes empresas também foram beneficiadas. O Tesouro Nacional poderá pagar
até US$ 20 milhões do custo do
financiamento de cada empresa no Proex Equalização.
Até agora, o máximo de equalização que o Tesouro poderia
oferecer para cada companhia
era de US$ 10 milhões. A equalização é o mecanismo pelo
qual o Tesouro Nacional arca
com 0,5% a 2,5% dos juros totais que seriam pagos pela empresa.
O governo decidiu também
criar um grupo de trabalho para montar uma linha do Proex
para pré-embarque, que vai financiar a produção do bem que
será exportado. Até agora, o
programa só financia o pós-embarque, ou seja, sua comercialização.
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