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UE rejeita nova "autoridade econômica"
Proposta francesa previa criação de um organismo econômico supranacional da União Européia para lidar com crise
Ministro alemão diz que "não pode haver suspeita" de que propostas francesas possam levar à criação de uma autoridade econômica
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A proposta francesa de estabelecer uma espécie de "governo econômico" europeu para
coordenar a reação à crise foi
recebida com frieza no encontro de ministros das Finanças
da União Européia. A idéia faz
parte do pacote de medidas elaborado pela França, que atualmente exerce a Presidência da
UE, para ser apresentado na
Cúpula do G20, em Washington, no dia 15. Na sexta-feira, os
chefes de Estado do bloco se
reunirão em Bruxelas para fechar a proposta européia.
Embora a ministra francesa
das Finanças, Christine Lagarde, tenha afirmado que o plano
de reformas proposto por Paris
recebeu "apoio maciço", há resistência à idéia de um organismo econômico europeu supranacional. Por trás do impasse,
como ocorre com freqüência na
UE, está a relutância dos países
em abrir mão da soberania em
assuntos estratégicos.
Diante do ceticismo de alguns ministros, especialmente
em relação ao trecho que defende "uma resposta internacional coordenada aos desafios
macroeconômicos", a França
concordou em fazer emendas.
"Não pode haver a suspeita
de que estamos criando um governo econômico europeu",
disse o ministro das Finanças
alemão, Peer Steinbrueck.
Em discurso recente no Parlamento Europeu, o presidente
francês, Nicolas Sarkozy, relançou a idéia de uma autoridade
econômica da zona do euro,
que na prática dividiria poderes
com o BCE (Banco Central Europeu). Sarkozy tem sido um
dos mais freqüentes críticos da
autonomia do BCE.
Mas a UE parece disposta a
adotar um plano mais modesto,
concentrado na supervisão vigorosa dos mercados financeiros e no aumento da cooperação internacional. Ontem, a
própria ministra francesa teve
que dar um passo atrás.
"Não é nossa intenção ter um
fórum econômico global, quanto mais um política econômica
global. Isso seria difícil demais.
Mas os demais pontos [do plano] foram em geral aprovados."
Entre os 11 pontos do plano
francês estão o aumento da
transparência nos mercados, o
monitoramento das agências
de classificação de risco e novas
normas para impedir que gerentes de investimentos corram riscos excessivos.
Lagarde sugeriu que o Fundo
Monetário Internacional tenha
um papel central na prevenção
de crises, elaborando análises
para "fazer soar o alarme". O
chanceler brasileiro, Celso
Amorim, disse anteontem que
a reforma dos organismos financeiros internacionais, para
aumentar a influência dos
emergentes, será uma das propostas que o Brasil defenderá
em Washington.
Alguns países, entre eles a
Suécia e o Reino Unido, manifestaram preocupação com o
detalhismo exagerado da proposta francesa, que poderia indicar um viés protecionista ou
de regulamentação excessiva.
"O mais importante agora é
criar um bom corpo de bombeiros", disse o ministro das Finanças sueco, Andres Berg.
"Depois talvez possamos discutir normas de segurança."
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