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AJUDA EXTERNA
Dinheiro, sem vínculo com o FMI, seria destinado a empresas prejudicadas pela falta de crédito à exportação
Japão pode emprestar US$ 1 bi ao Brasil
MARCIO AITH
de Tóquio
O Japão decidiu conceder ao Brasil um empréstimo direto de US$ 1
bilhão para financiar empresas
brasileiras que estão sofrendo com
a falta de créditos à exportação.
O empréstimo seria concedido
pelo Japão em caráter bilateral depois de o Brasil concluir sua negociação com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Seria um empréstimo novo, sem
qualquer vínculo com o pacote de
ajuda de US$ 30 bilhões que o FMI
dará ao Brasil ou com o fundo extraordinário de contingência de
US$ 90 bilhões ao FMI anunciado
pelo G-7 (grupo das sete nações
mais ricas do mundo) na semana
passada.
A nova iniciativa do Japão foi divulgada ontem numa entrevista
coletiva confusa do ministro de Finanças do Japão, Kiichi Miyazawa,
e detalhada pela Folha com autoridades do ministério e do Eximbank (o banco de fomento a exportações do país que seria o agente
desse empréstimo).
No começo da semana passada, o
vice-ministro de Finanças do país,
Koji Tanami, havia dito que o Japão não estudava qualquer ajuda
ao Brasil nem estava num estágio
no qual poderia tomar qualquer
decisão a respeito.
Ontem, Miyazawa revelou que
existe disposição do governo japonês em auxiliar o Brasil.
"Se os Estados Unidos, Europa e
Canadá fizerem uma contribuição,
o Japão provavelmente fará", disse
ele.
Miyazawa respondia a uma pergunta sobre a possibilidade de o Japão conceder empréstimos bilaterais ao Brasil, independentemente
do FMI ou do G-7.
Ao mencionar em sua resposta
os outros países do G-7, Miyazawa
deu a entender que o empréstimo
ainda dependia da iniciativa de outros países. Miyazawa também parecia se referir ao fundo de contingência do G-7.
No entanto, um assessor direto
do ministro informou que Miyazawa referia-se à idéia de dar ao Brasil um novo empréstimo. Ainda há
dúvidas sobre a forma desse empréstimo, mas ele está praticamente garantido, apesar da falta de certeza do ministro.
A hipótese mais provável é a de
financiar exportadores brasileiros,
mas ele poderia também ser concedido para fortalecer as reservas
do país.
Oficialmente, o Eximbank afirma que não recebeu ainda nenhum pedido do governo japonês
para estudar o novo empréstimo
ao Brasil, mas esse empréstimo já
estava sendo cogitado pelo Japão
desde a reunião anual do FMI e do
Banco Mundial em Washington,
no começo de outubro.
Divisão do peso
Apesar de ter decidido emprestar
dinheiro novo ao Brasil, o governo
japonês e o dos EUA ainda têm divergências sobre o valor com o
qual cada um dos dois países irá financiar os US$ 90 bilhões adicionais ao FMI.
O governo do Japão considera ter
feito esforços substanciais para
ajudar o Sudeste Asiático a sair da
crise financeira iniciada em 1997 e
acha que os Estados Unidos deveriam arcar com a maior parte dos
recursos que poderão ser usados
para ajudar o Brasil. A divisão do
ônus entre os ricos ainda não foi
decidida.
Nos últimos dois anos, o Eximbank japonês já se comprometeu a
investir US$ 2 bilhões no Brasil, em
obras como o gasoduto Brasil-Bolívia e a reforma de rodovias nos
Estados de São Paulo, Tocantins e
Ceará.
Antes de o Real ter entrado em
crise, o Eximbank do Japão havia
concluído que o Brasil ganhara
pontos no cenário internacional
pela forma com a qual reagiu à crise asiática no final do ano passado,
elevando os juros e anunciando
medidas fiscais de emergência.
As medidas fiscais de emergência não tiveram êxito. Uma missão
oficial do banco esteve no Brasil
em setembro para verificar a situação brasileira, mas não emitiu
qualquer opinião oficial a respeito
do assunto.
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