São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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COMÉRCIO

Vendas crescem só 1,2% no ano; Natal não deve recuperar perdas de 2001

Inflação e juros fazem Natal "pífio"

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Natal deste ano terá um desempenho "pífio". O varejo ainda não sabe qual será a intensidade e a duração da inflação. As vendas no Estado de São Paulo, em 2002, não devem crescer muito mais do que 1,2%. Todas essas informações, divulgadas ontem pela Fecomércio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), se somam a outra, também nada animadora. Para 2003, nada muda. O comércio não deve se expandir, em faturamento real, muito além de 1,5%.
"Otimismo mesmo, só a longo prazo. Tivemos um desempenho pífio em 2002 e a única coisa que sabemos é que existe uma forte pressão inflacionária agora, de velocidade e força não sabida ainda", diz Abram Szajman, presidente da Fecomércio.
A direção da entidade informou que a expectativa é que o Natal de 2002 registre expansão de apenas 3,53% no faturamento real, em relação ao mesmo período de 2001. O crescimento, porém, acontece em cima de um desempenho péssimo. No ano passado, as vendas despencaram 10,24% no Natal, em comparação a 2000.
Em todo o ano, a expansão do faturamento do setor deve atingir 1,26%. O dado é preliminar e esperava-se muito mais: a entidade estimava crescer 4%. O pequeno crescimento alcançado é um resultado nada memorável. A expansão ocorre em cima de uma queda de 5,52% em 2001.
Com isso, conclui-se que ainda não foi possível nem sequer recuperar as perdas do último ano, quando o país tropeçou na crise energética, que afastou os consumidores das lojas.

Só alimento cresce
Quando a análise é feita por setor, o cenário parece ainda pior. Apenas o setor de não-duráveis (alimentos) fechará no positivo (9,5% de expansão na receita). O restante -duráveis (eletrônicos), semiduráveis (calçados, roupas), automóveis e construção venderam menos do que em 2001. No Natal alguns setores também devem vender menos.
Com base no cálculo dos economistas da federação, o setor de comércio automotivo deve faturar 19,25% a menos do que no Natal do ano passado. Assim como as lojas de eletrônicos (-5,27%).
Em 2002, as razões para o baque do setor são várias. "Expansão dos juros, renda em queda e a arrancada da inflação em nada ajudaram. Com isso, só compraram o essencial, ou seja, alimentos. Mesmo assim, os mais baratos", diz Antonio Carlos Borges, diretor executivo da Fecomércio.
Segundo ele, o tíquete médio (gasto por pessoa) neste Natal ficará em R$ 30. Em 2001, foi R$ 25. A expansão é explicada pela inflação, que elevou os preços. Segundo suas contas, o IPV (Índice de Preços no Varejo) em novembro ficou em 5,54%.

Cesta básica
Há uma tentativa, diz Szajman. de barrar futuras elevações de preço no varejo, por meio de negociações. O Extra, do grupo Pão de Açúcar, por exemplo, começa a vender hoje uma cesta básica a preço de 2001 em São Paulo. Custará R$ 155,33, inferior ao valor de dezembro de 2001 (R$ 155,39). A cesta hoje custa mais de R$ 199.


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