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COMÉRCIO
Vendas crescem só 1,2% no ano; Natal não deve recuperar perdas de 2001
Inflação e juros fazem Natal "pífio"
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Natal deste ano terá um desempenho "pífio". O varejo ainda
não sabe qual será a intensidade e
a duração da inflação. As vendas
no Estado de São Paulo, em 2002,
não devem crescer muito mais do
que 1,2%. Todas essas informações, divulgadas ontem pela Fecomércio (Federação do Comércio
do Estado de São Paulo), se somam a outra, também nada animadora. Para 2003, nada muda. O
comércio não deve se expandir,
em faturamento real, muito além
de 1,5%.
"Otimismo mesmo, só a longo
prazo. Tivemos um desempenho
pífio em 2002 e a única coisa que
sabemos é que existe uma forte
pressão inflacionária agora, de velocidade e força não sabida ainda", diz Abram Szajman, presidente da Fecomércio.
A direção da entidade informou
que a expectativa é que o Natal de
2002 registre expansão de apenas
3,53% no faturamento real, em relação ao mesmo período de 2001.
O crescimento, porém, acontece
em cima de um desempenho péssimo. No ano passado, as vendas
despencaram 10,24% no Natal,
em comparação a 2000.
Em todo o ano, a expansão do
faturamento do setor deve atingir
1,26%. O dado é preliminar e esperava-se muito mais: a entidade
estimava crescer 4%. O pequeno
crescimento alcançado é um resultado nada memorável. A expansão ocorre em cima de uma
queda de 5,52% em 2001.
Com isso, conclui-se que ainda
não foi possível nem sequer recuperar as perdas do último ano,
quando o país tropeçou na crise
energética, que afastou os consumidores das lojas.
Só alimento cresce
Quando a análise é feita por setor, o cenário parece ainda pior.
Apenas o setor de não-duráveis
(alimentos) fechará no positivo
(9,5% de expansão na receita). O
restante -duráveis (eletrônicos),
semiduráveis (calçados, roupas),
automóveis e construção venderam menos do que em 2001. No
Natal alguns setores também devem vender menos.
Com base no cálculo dos economistas da federação, o setor de comércio automotivo deve faturar
19,25% a menos do que no Natal
do ano passado. Assim como as
lojas de eletrônicos (-5,27%).
Em 2002, as razões para o baque
do setor são várias. "Expansão
dos juros, renda em queda e a arrancada da inflação em nada ajudaram. Com isso, só compraram
o essencial, ou seja, alimentos.
Mesmo assim, os mais baratos",
diz Antonio Carlos Borges, diretor executivo da Fecomércio.
Segundo ele, o tíquete médio
(gasto por pessoa) neste Natal ficará em R$ 30. Em 2001, foi R$ 25.
A expansão é explicada pela inflação, que elevou os preços. Segundo suas contas, o IPV (Índice de
Preços no Varejo) em novembro
ficou em 5,54%.
Cesta básica
Há uma tentativa, diz Szajman.
de barrar futuras elevações de
preço no varejo, por meio de negociações. O Extra, do grupo Pão
de Açúcar, por exemplo, começa
a vender hoje uma cesta básica a
preço de 2001 em São Paulo. Custará R$ 155,33, inferior ao valor de
dezembro de 2001 (R$ 155,39). A
cesta hoje custa mais de R$ 199.
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