São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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TELEFONIA

Partido teme eventuais consequências de uma crise da empresa

Lula discute situação da Embratel com o PT

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A Embratel foi tema de uma reunião da cúpula do PT com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. O partido está preocupado com o futuro da empresa. Receia que ela não consiga honrar o pagamento das dívidas no próximo ano e que estoure uma crise nos primeiros meses do governo.
A reunião ocorreu na Granja do Torto, em Brasília, há 12 dias. Participaram o ex-prefeito de Ribeirão Preto Antônio Palocci, os deputados federais Jorge Bittar (PT-RJ) e Walter Pinheiro (PT-BA) e dois consultores convidados.
Durante a reunião, foi analisada a hipótese de venda da Embratel para a Telemar, Telefônica e Brasil Telecom. Coincidência ou não, no dia seguinte, o presidente da Telefônica, Fernando Xavier Ferreira, confirmou publicamente a existência de negociações entre as teles para comprar a concorrente.
A equipe de transição pedirá informações sobre a empresa à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que tem acesso aos dados internos das operadoras. O PT quer analisar o caso com cautela, pois a compra da Embratel pelas teles aumentaria a concentração no mercado.
A Embratel nega que esteja em crise e culpa os concorrentes pelas notícias sobre o suposto agravamento de sua situação financeira. Segmentos do PT avaliam que estão sendo alvos de lobbies.
Na quinta-feira, a vice-presidente de Serviços Locais e Assuntos Regulatórios da Embratel, Purificación Carpinteyro, foi recebida pelo coordenador-adjunto da equipe de transição, Luiz Gushiken. Pinheiro e Bittar também já se reuniram com a empresa.
O PT se preocupa com as consequências de uma eventual quebra da Embratel sobre o modelo de telecomunicações do país. Outro motivo de preocupação são os satélites. Um parlamentar do partido lembra que as comunicações militares e o sistema de radiodifusão dependem da Embratel.
A empresa encerrou o terceiro trimestre do ano com prejuízo acumulado de R$ 738 milhões e uma dívida de curto prazo de R$ 2,4 bilhões -38 ,8% vencem no primeiro trimestre de 2003.
A companhia diz que vem melhorando seus indicadores e que fechou o trimestre com R$ 727 milhões em caixa. Informa que tomou a iniciativa de propor a renegociação da dívida aos credores e que tal fato não põe em risco a continuidade de seus serviços.
Na reunião com Lula, foram discutidos outros cenários possíveis para a Embratel, como a venda da empresa para executivos e fundos de investimentos.
Ainda chegou-se à conclusão de que falhas do modelo do governo e erros de gestão contribuíram para as dificuldades da empresa.
O PT avalia que foi um erro não ter sido criada uma "golden share", que permitiria ao governo influir no destino da empresa após a privatização. Avalia também que foi um erro a divisão entre operadoras locais e de longa distância.


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