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PROTECIONISMO
Para evitar sanções, EUA eliminam taxas consideradas ilegais, mas farão monitoramento; Brasil deve ser pouco afetado
Bush acaba com tarifas ao aço importado
DA REDAÇÃO
O presidente George W. Bush
anunciou ontem o fim das sobretaxas norte-americanas ao aço
importado, que estavam em vigor
desde março do ano passado.
Para as siderúrgicas brasileiras,
entretanto, a medida terá pouco
efeito a curto prazo. Segundo empresas do setor, as exportações do
país ainda são prejudicadas por
barreiras antidumping dos EUA.
A decisão ocorre menos de um
mês depois de a OMC (Organização Mundial do Comércio) ter
julgado, em decisão final, as tarifas sobre o aço ilegais, o que deixou os EUA expostos a retaliações
de cerca de US$ 3 bilhões de parceiros comerciais prejudicados,
como a União Européia, a China,
o Japão e o Brasil.
O Brasil perdia ao menos US$
104 milhões por ano com as sobretaxas ao deixar de vender para
os EUA produtos de maior valor
agregado, segundo cálculos do
IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) divulgados em novembro.
Os EUA disseram, no entanto,
que irão manter um sistema de
monitoramento da concessão de
licenças de importação do aço
com o objetivo de proteger os
produtores locais e evitar aumentos inesperados de importação.
Bush também afirmou que continuará a batalhar pela redução
dos subsídios dados aos produtores de aço de outros países.
"Essa medida [as sobretaxas]
deu à indústria e aos trabalhadores espaço para respirar, e boa
parte do setor usou esse tempo
bem", afirmou Bush em nota.
Segundo ele, as sobretaxas permitiram ao setor se reestruturar,
com ganho de produtividade,
queda nos custos de produção e
benefícios aos trabalhadores.
O argumento da necessidade de
reestruturação tem sido usado
pelo governo desde que decidiu
adotar tarifas de até 30% para a
importação de vários produtos do
aço. Originalmente, elas seriam
válidas até março de 2005.
Após o anúncio, a UE divulgou
que não aplicará mais as sanções,
no valor de US$ 2,2 bilhões. Pascal
Lamy, comissário do bloco para o
Comércio, disse que a decisão é
uma vitória para a OMC.
Brasil
O governo brasileiro elogiou o
anúncio. "A iniciativa é positiva",
disse o Ministério das Relações
Exteriores via assessoria. A pasta
iria analisar melhor os detalhes da
decisão dos EUA para saber quais
as implicações para o país.
"Trata-se de uma vitória do Brasil. Uma vitória do livre comércio.
Esperamos que isso represente
um concreto avanço no redesenho da ordem comercial mundial", afirmou o presidente da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), Armando Monteiro
Neto, por meio de comunicado.
Para Marcelo Araújo, diretor
executivo da CSN (Companhia
Siderúrgica Nacional), "a medida
não causará impacto significativo
nas empresas do setor pois ainda
permanecem em vigor as tarifas
antidumping impostas pelos
EUA, que implicam um acréscimo de 40% a 42% nos preços".
Segundo Araújo, a lei antidumping mantém a empresa "à mercê
dos fornecedores americanos".
Como a CSN tem uma subsidiária
nos EUA cujo principal insumo
são os aços laminados a quente, as
sobretaxas encareciam suas operações americanas.
O grupo Gerdau, maior fabricante de aços longos do país, divulgou nota dizendo que a decisão "praticamente não afeta" a
empresa. O IBS disse que "ainda
está avaliando a decisão americana" e só hoje irá se manifestar.
Com a Sucursal de Brasília
e agências internacionais
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