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São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

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PROTECIONISMO

Para evitar sanções, EUA eliminam taxas consideradas ilegais, mas farão monitoramento; Brasil deve ser pouco afetado

Bush acaba com tarifas ao aço importado

DA REDAÇÃO

O presidente George W. Bush anunciou ontem o fim das sobretaxas norte-americanas ao aço importado, que estavam em vigor desde março do ano passado.
Para as siderúrgicas brasileiras, entretanto, a medida terá pouco efeito a curto prazo. Segundo empresas do setor, as exportações do país ainda são prejudicadas por barreiras antidumping dos EUA.
A decisão ocorre menos de um mês depois de a OMC (Organização Mundial do Comércio) ter julgado, em decisão final, as tarifas sobre o aço ilegais, o que deixou os EUA expostos a retaliações de cerca de US$ 3 bilhões de parceiros comerciais prejudicados, como a União Européia, a China, o Japão e o Brasil.
O Brasil perdia ao menos US$ 104 milhões por ano com as sobretaxas ao deixar de vender para os EUA produtos de maior valor agregado, segundo cálculos do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) divulgados em novembro.
Os EUA disseram, no entanto, que irão manter um sistema de monitoramento da concessão de licenças de importação do aço com o objetivo de proteger os produtores locais e evitar aumentos inesperados de importação.
Bush também afirmou que continuará a batalhar pela redução dos subsídios dados aos produtores de aço de outros países.
"Essa medida [as sobretaxas] deu à indústria e aos trabalhadores espaço para respirar, e boa parte do setor usou esse tempo bem", afirmou Bush em nota.
Segundo ele, as sobretaxas permitiram ao setor se reestruturar, com ganho de produtividade, queda nos custos de produção e benefícios aos trabalhadores.
O argumento da necessidade de reestruturação tem sido usado pelo governo desde que decidiu adotar tarifas de até 30% para a importação de vários produtos do aço. Originalmente, elas seriam válidas até março de 2005.
Após o anúncio, a UE divulgou que não aplicará mais as sanções, no valor de US$ 2,2 bilhões. Pascal Lamy, comissário do bloco para o Comércio, disse que a decisão é uma vitória para a OMC.

Brasil
O governo brasileiro elogiou o anúncio. "A iniciativa é positiva", disse o Ministério das Relações Exteriores via assessoria. A pasta iria analisar melhor os detalhes da decisão dos EUA para saber quais as implicações para o país.
"Trata-se de uma vitória do Brasil. Uma vitória do livre comércio. Esperamos que isso represente um concreto avanço no redesenho da ordem comercial mundial", afirmou o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, por meio de comunicado.
Para Marcelo Araújo, diretor executivo da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), "a medida não causará impacto significativo nas empresas do setor pois ainda permanecem em vigor as tarifas antidumping impostas pelos EUA, que implicam um acréscimo de 40% a 42% nos preços".
Segundo Araújo, a lei antidumping mantém a empresa "à mercê dos fornecedores americanos". Como a CSN tem uma subsidiária nos EUA cujo principal insumo são os aços laminados a quente, as sobretaxas encareciam suas operações americanas.
O grupo Gerdau, maior fabricante de aços longos do país, divulgou nota dizendo que a decisão "praticamente não afeta" a empresa. O IBS disse que "ainda está avaliando a decisão americana" e só hoje irá se manifestar.


Com a Sucursal de Brasília e agências internacionais

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