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MERCADO FINANCEIRO
Alta de 5,71% em novembro não evita saques de fundos de ações; juros no país ainda são elevados
Investidores ainda têm receio da Bolsa
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São Paulo
tem comemorado o rompimento
de vários recordes de pontuação
neste ano. Na sexta-feira, a Bovespa fechou aos 32.832 pontos, patamar nunca antes atingido.
Mesmo assim, os fundos de
ações não "explodiram", como alguns esperavam, tendo de se contentar com aplicações ainda um
tanto tímidas.
Além de o investidor brasileiro
não ter mudado muito seu perfil
historicamente conservador, as
taxas de juros praticadas no país
continuam pagando como em nenhum outro lugar do mundo.
Em novembro, mês em que a
Bovespa subiu 5,71%, os fundos
de ações tiveram saída líquida de
recursos -até o dia 29-, no
montante de R$ 175,4 milhões.
Em todo 2005, os fundos de
ações estão com captação líquida
-diferença entre o sacado e o
aplicado- de R$ 1,05 bilhão.
As aplicações de renda fixa são
disparadas as campeãs de captação do ano, com R$ 72 bilhões. Os
fundos DI e de curto prazo, que
também acompanham a variação
dos juros, têm juntos captação
positiva de R$ 12,69 bilhões. Os
fundos de previdência tem captação de R$ 9,8 bilhões. Os números
são da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
"Ainda falta cultura de Bolsa para o investidor brasileiro, especialmente a pessoa física", diz
Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner. "É difícil
competir com o CDI e criar condições para mudar a mentalidade
do brasileiro", afirma o diretor.
O CDI (Certificado de Depósito
Interbancário) é a referência para
a rentabilidade de fundos de renda fixa e DI. No ano, o CDI está
com retorno de 17,40%.
Já o Ibovespa (principal índice
da Bolsa, que reúne as 57 ações
mais negociadas) está com valorização de 25,33% no ano.
A participação do investidor
pessoa física nos negócios feitos
na Bolsa, que chegou aos 30% em
julho de 2004, recuou neste ano.
Nos últimos dois meses, as pessoas físicas representaram pouco
mais de 25% dos negócios totais
da Bolsa.
Juros estratosféricos
Mesmo com o Banco Central tocando o processo de redução da
taxa básica, o Brasil pratica as
maiores taxas reais do mundo
-e isso não vai mudar tão cedo.
Estudo feito pela consultoria
GRC Visão mostra que o Brasil
passou a ter, após a redução da taxa Selic de 19% para 18,5% no mês
passado, juros reais de 13,1% -liderando com folga o ranking dos
países com maiores taxas reais do
planeta. Na segunda posição está
o México, com taxa de 6,8%. Para
o Brasil perder a liderança, a Selic
teria de ser cortada em 7,25 pontos percentuais.
Para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deste
mês, o mercado está dividido entre a possibilidade de os juros caírem 0,50 ponto ou 0,75 ponto
-ninguém acha que o Banco
Central poderia ser mais ousado e
reduzir a taxa básica de forma
mais expressiva.
A taxa básica da economia, a Selic, é definida pelo Copom. A taxa
serve de parâmetro para as outras
praticadas no mercado financeiro. Assim, se a Selic sobe muito, o
custo para obter dinheiro emprestado, por exemplo, aumenta.
E as rentabilidades oferecidas por
fundos que acompanham os juros
-como os de renda fixa e DI-
também sobem.
(FABRICIO VIEIRA)
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