São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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MERCADO FINANCEIRO

Alta de 5,71% em novembro não evita saques de fundos de ações; juros no país ainda são elevados

Investidores ainda têm receio da Bolsa

DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo tem comemorado o rompimento de vários recordes de pontuação neste ano. Na sexta-feira, a Bovespa fechou aos 32.832 pontos, patamar nunca antes atingido.
Mesmo assim, os fundos de ações não "explodiram", como alguns esperavam, tendo de se contentar com aplicações ainda um tanto tímidas.
Além de o investidor brasileiro não ter mudado muito seu perfil historicamente conservador, as taxas de juros praticadas no país continuam pagando como em nenhum outro lugar do mundo.
Em novembro, mês em que a Bovespa subiu 5,71%, os fundos de ações tiveram saída líquida de recursos -até o dia 29-, no montante de R$ 175,4 milhões.
Em todo 2005, os fundos de ações estão com captação líquida -diferença entre o sacado e o aplicado- de R$ 1,05 bilhão.
As aplicações de renda fixa são disparadas as campeãs de captação do ano, com R$ 72 bilhões. Os fundos DI e de curto prazo, que também acompanham a variação dos juros, têm juntos captação positiva de R$ 12,69 bilhões. Os fundos de previdência tem captação de R$ 9,8 bilhões. Os números são da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
"Ainda falta cultura de Bolsa para o investidor brasileiro, especialmente a pessoa física", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner. "É difícil competir com o CDI e criar condições para mudar a mentalidade do brasileiro", afirma o diretor.
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é a referência para a rentabilidade de fundos de renda fixa e DI. No ano, o CDI está com retorno de 17,40%.
Já o Ibovespa (principal índice da Bolsa, que reúne as 57 ações mais negociadas) está com valorização de 25,33% no ano.
A participação do investidor pessoa física nos negócios feitos na Bolsa, que chegou aos 30% em julho de 2004, recuou neste ano. Nos últimos dois meses, as pessoas físicas representaram pouco mais de 25% dos negócios totais da Bolsa.

Juros estratosféricos
Mesmo com o Banco Central tocando o processo de redução da taxa básica, o Brasil pratica as maiores taxas reais do mundo -e isso não vai mudar tão cedo.
Estudo feito pela consultoria GRC Visão mostra que o Brasil passou a ter, após a redução da taxa Selic de 19% para 18,5% no mês passado, juros reais de 13,1% -liderando com folga o ranking dos países com maiores taxas reais do planeta. Na segunda posição está o México, com taxa de 6,8%. Para o Brasil perder a liderança, a Selic teria de ser cortada em 7,25 pontos percentuais.
Para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deste mês, o mercado está dividido entre a possibilidade de os juros caírem 0,50 ponto ou 0,75 ponto -ninguém acha que o Banco Central poderia ser mais ousado e reduzir a taxa básica de forma mais expressiva.
A taxa básica da economia, a Selic, é definida pelo Copom. A taxa serve de parâmetro para as outras praticadas no mercado financeiro. Assim, se a Selic sobe muito, o custo para obter dinheiro emprestado, por exemplo, aumenta. E as rentabilidades oferecidas por fundos que acompanham os juros -como os de renda fixa e DI- também sobem.
(FABRICIO VIEIRA)


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