São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2007

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Indústria surpreende e cresce 0,8% em novembro

No ano, produção industrial acumula uma alta de 3,1%, segundo o IBGE

Insumos e máquinas puxam desempenho do setor, mas real forte segura expansão maior ao baratear importados


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A produção da indústria superou as expectativas em novembro e cresceu 0,8% na comparação com outubro livre de influência sazonais (típicas de cada período). A alta foi puxada pelo aumento na fabricação de matérias-primas, componentes e máquinas e equipamentos, disse o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em outubro, a produção industrial havia subido 1%. As previsões mais pessimistas do mercado financeiro apontavam, por sua vez, para um queda de até 0,5% em novembro.
Apesar do bom desempenho do setor em novembro, economistas mantêm suas previsões de crescimento da indústria em torno de 3% em 2006 e de 2,8% para o PIB do ano.
Na comparação com novembro de 2005, a produção industrial avançou 4,2%. Foi a quinta alta consecutiva. No acumulado do ano, a indústria acelerou e cresceu 3,1% até novembro.
Para Sílvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE, o fato de a indústria estar com um baixo nível de estoques fez o setor ampliar a compra de insumos e matérias-primas para ampliar a fabricação de bens de consumo em dezembro. Tal efeito, disse Sales, rebateu na categoria de bens intermediários, cuja produção subiu 1,6% de outubro para novembro.
Também tiveram bom desempenho os bens de capital (máquinas e equipamentos) -alta de 2,2% em novembro e de 5,7% no acumulado do ano.
Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), disse que os resultados mostram os investimentos na ampliação da capacidade produtiva, afastando o risco de pressão inflacionária e de um conseqüente aperto da política monetária.
Em novembro, a produção de bens duráveis (veículos e eletrodomésticos) caiu 0,1%, mas o setor ainda lidera a expansão no acumulado do ano -7,8%. Já a produção de bens semi e não-duráveis (alimentos, vestuário etc) teve retração de 0,6%.
"Ao contrário do que se podia supor num final de ano, novembro não foi impulsionado pela produção de bens de consumo. E o interessante é que a maior produção de bens intermediários pode ser interpretada como um indicador antecedente do crescimento da produção da indústria", disse Sales.
No penúltimo mês do ano, os ramos que mais influenciaram positivamente a indústria foram refino de petróleo (4,6%), outros equipamentos de transporte (excluí automóveis, com 10,1%) e bebidas (4,9%). Os destaques negativos ficaram com veículos automotores (-1%) e metalurgia (-0,7%).
Para Pereira, a indústria poderia crescer mais do que os 3% previstos no ano passado não fosse o efeito negativo do câmbio. O dólar barato, disse, explica o desempenho de bens intermediários abaixo da média no acumulado do ano (2,1%) por causa da concorrência de importados e a retração de setores exportadores, como vestuário (-4,8%) e madeira (-7,2%).

Crescimento moderado
Já Joel Bogdanski, economista do Itaú, disse que os dados de novembro, apesar de surpreenderem positivamente, não alteram a avaliação de que a economia continua a crescer num "ritmo moderado" nem mudam as projeções do banco.
O ritmo atual da economia, disse Bogdanski, abre espaço para a redução da taxa de juros e uma retomada dos investimentos com mais força em 2007. Para o fechamento de 2006, o Itaú projeta uma alta da produção da indústria de 3,1% a 3,3% e de 2,8% para o PIB.


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