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Indústria surpreende e cresce 0,8% em novembro
No ano, produção industrial acumula uma alta de 3,1%, segundo o IBGE
Insumos e máquinas puxam desempenho do setor, mas real forte segura expansão maior ao baratear importados
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A produção da indústria superou as expectativas em novembro e cresceu 0,8% na comparação com outubro livre de
influência sazonais (típicas de
cada período). A alta foi puxada
pelo aumento na fabricação de
matérias-primas, componentes e máquinas e equipamentos, disse o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em outubro, a produção industrial havia subido 1%. As
previsões mais pessimistas do
mercado financeiro apontavam, por sua vez, para um queda de até 0,5% em novembro.
Apesar do bom desempenho
do setor em novembro, economistas mantêm suas previsões
de crescimento da indústria em
torno de 3% em 2006 e de 2,8%
para o PIB do ano.
Na comparação com novembro de 2005, a produção industrial avançou 4,2%. Foi a quinta
alta consecutiva. No acumulado do ano, a indústria acelerou
e cresceu 3,1% até novembro.
Para Sílvio Sales, chefe da
Coordenação de Indústria do
IBGE, o fato de a indústria estar
com um baixo nível de estoques
fez o setor ampliar a compra de
insumos e matérias-primas para ampliar a fabricação de bens
de consumo em dezembro. Tal
efeito, disse Sales, rebateu na
categoria de bens intermediários, cuja produção subiu 1,6%
de outubro para novembro.
Também tiveram bom desempenho os bens de capital
(máquinas e equipamentos)
-alta de 2,2% em novembro e
de 5,7% no acumulado do ano.
Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), disse que os resultados mostram os investimentos na ampliação da capacidade
produtiva, afastando o risco de
pressão inflacionária e de um
conseqüente aperto da política
monetária.
Em novembro, a produção de
bens duráveis (veículos e eletrodomésticos) caiu 0,1%, mas
o setor ainda lidera a expansão
no acumulado do ano -7,8%.
Já a produção de bens semi e
não-duráveis (alimentos, vestuário etc) teve retração de
0,6%.
"Ao contrário do que se podia
supor num final de ano, novembro não foi impulsionado
pela produção de bens de consumo. E o interessante é que a
maior produção de bens intermediários pode ser interpretada como um indicador antecedente do crescimento da produção da indústria", disse Sales.
No penúltimo mês do ano, os
ramos que mais influenciaram
positivamente a indústria foram refino de petróleo (4,6%),
outros equipamentos de transporte (excluí automóveis, com
10,1%) e bebidas (4,9%). Os
destaques negativos ficaram
com veículos automotores
(-1%) e metalurgia (-0,7%).
Para Pereira, a indústria poderia crescer mais do que os 3%
previstos no ano passado não
fosse o efeito negativo do câmbio. O dólar barato, disse, explica o desempenho de bens intermediários abaixo da média no
acumulado do ano (2,1%) por
causa da concorrência de importados e a retração de setores
exportadores, como vestuário
(-4,8%) e madeira (-7,2%).
Crescimento moderado
Já Joel Bogdanski, economista do Itaú, disse que os dados de novembro, apesar de
surpreenderem positivamente,
não alteram a avaliação de que
a economia continua a crescer
num "ritmo moderado" nem
mudam as projeções do banco.
O ritmo atual da economia,
disse Bogdanski, abre espaço
para a redução da taxa de juros
e uma retomada dos investimentos com mais força em
2007. Para o fechamento de
2006, o Itaú projeta uma alta da
produção da indústria de 3,1% a
3,3% e de 2,8% para o PIB.
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