São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2007

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Governo barra mais anidro na gasolina

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a alta no preço do álcool, o governo cancelou reunião da Câmara do Setor Sucroalcooleiro, marcada para o dia 10, para discutir o aumento de 23% para 25% da mistura de álcool anidro na gasolina, uma demanda do setor. Segundo o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, com o aumento de R$ 0,10 no preço do álcool hidratado nas usinas nas duas últimas semanas, não há necessidade de mudar a mistura.
Guedes disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou, porém, que o ministério monitore o preço do álcool e, em caso de aumentos abusivos, o governo poderá até reduzir o percentual de mistura do álcool anidro na gasolina. "Se houver aumento de preços, o governo não ficará passivo", afirmou o ministro.
Segundo ele, em dezembro há um crescimento sazonal na demanda por álcool por causa das férias de fim de ano, geralmente de 10%. Mas a crise da aviação deve ter contribuído para aumentar ainda mais a demanda, "porque muita gente deve ter preferido viajar de carro". Com isso houve um aumento de 13%, o que afetou o preço. Segundo a Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), em alguns mercados o aumento da demanda chegou a 30%.
Atualmente o litro do álcool hidratado, usado diretamente como combustível, está entre R$ 0,86 e R$ 0,87 nas usinas. "Por causa de seu desempenho [pior do que o da gasolina], o álcool só é atrativo quando o preço está abaixo de 75% do preço da gasolina e atualmente em São Paulo está em 53%", disse Guedes.
O aumento da frota dos carros com motor flex também tem elevado a procura por álcool. Segundo Guedes, atualmente há quase 3 milhões de veículos flex em circulação no país. Em 2005, era 1,6 milhão. A cada dia são vendidos 5.000 carros.
É por essa razão que a Unica defende que a mistura de álcool anidro na gasolina seja de 25%, máximo determinado por lei. "A produção está aumentando. No ano passado, 12 novas usinas passaram a produzir álcool e neste ano serão 16 novas usinas. Há estoques e vai haver uma safra boa neste ano", disse Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica.
Ele concorda, porém, que não é o momento adequado para discutir o aumento da mistura porque o preço subiu. "É melhor falar sobre o aumento da mistura quando o mercado estiver em um período de normalidade", disse. (CLÁUDIA DIANNI)


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