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LUÍS NASSIF
A minha lista dos melhores
Minha lista das (minhas) melhores músicas do século já está
chegando em 300. Nela, incluí alguns daqueles sambões clássicos
dos anos 40 feitos por compositores mais urbanos, como "Despedida de Mangueira", de Benedito
Lacerda e Aldo Cabral, e "Praça
Onze", de Herivelto Martins e
Grande Otelo.
Muitos dos sambistas clássicos,
(lembrem-se da "Etelvina"), dos
dois maiores sambistas marginais da história, Geraldo Pereira
e Wilson Batista. De Geraldo Pereira ainda incluiria "Nega Vem
Cá" e "Escurinho". De Batista, o
clássico "Meus Vinte Anos": ("nos
olhos das mulheres/ no espelho do
meu quarto/ é que vejo a minha
idade"). Passando por samba e
espelho, um clássico maravilhoso
contemporâneo, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, o "Espelho".
Dos sambistas dos anos 40, uma
lista enorme de Ismael Silva, meu
predileto. Entrariam "Arranjastes um novo amor", "Nem tudo
que se diz", "Se você jurar" e "Antonico" (nas duas primeiras utilizei o primeiro verso por não me
recordar do nome).
De Nelson Cavaquinho entrariam várias, a começar por "A
Flor e o Espinho". De Ataulfo, um
clássico nacional, tão cantado em
São Paulo, por exemplo, como
Adoniran, entrariam "Saudades
da Amélia", "Professorinha" e
"Laranja Madura".
Há um conjunto de sambas,
quase de breque, meio sambas
choro, que estão entre os meus
prediletos. Entre eles, "Marambaia", de Henricão, "Minha Palhoça", de J. Cascata e Leonel
Azevedo. Sem contar a grande coleção de sambas com nomes de
mulher, como "Isaura", "Emília",
"Odete", uma versão de "Emília"
que considero melhor que a própria, mas não me lembro o nome
dos autores ("de manhã, muito
cedinho/ Emília me acordava/
acorda, acorda, benzinho/ eu logo
me levantava").
Dos sambas surgidos nos anos
60, creio que "Pressentimento",
de Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho seria o clássico insuperável.
Mas de Paulinho da Viola haveria uma enxurrada, como "Hoje eu vi minha nêga", "Foi um rio
que passou em minha vida", resposta a outro clássico, que foi
aquele samba sobre Mangueira,
do próprio Paulinho e Hermínio,
"Papéis", "Recado", com "Casquinha", "Sinal Fechado", e minha predileta "Para um amor de
Recife".
Do período da bossa nova, a relação fica enorme. Das músicas
de Carlos Lyra incluiria "Marcha
da Quarta Feira de Cinzas", "Maria Ninguém", "Minha Namorada", "Primavera" e "Se é tarde".
Das músicas de grandes instrumentistas que aderiram ao movimento, a imbatível "Nanã", de
Moacir Santos e o repertório de
Baden, a começar de "Canto de
Ossanha", "Samba da benção",
"Formosa" e tantas mais, e minha favorita, "Violão Vadio".
Nesse período há um subgrupo
da bossa nova, de canções meio
barrocas, como que pedindo cravos e harpas, entre as quais "Hoje
a noite não tem luar", de Oscar
Castro Neves, as modinhas de Juca Chaves, especialmente "Ana
Maria" e "Pequena Marcha para
um Grande Amor", algumas jóias
de Sérgio Bittencourt, como
"Canção do Medo".
Logo no pós-bossa nova, surge a
geração de ouro dos festivais. A
produção de Edu Lobo nesse período é estupenda, excetuando
"Arrastão", que só venceu um festival pela interpretação de Elis
Regina. Mas entrariam "Mariana", "No cordão da saideira", o
dolorido "Prá dizer adeus". Depois, nos anos 80, ele e Chico
Buarque produziriam a maior
coleção de clássicos que já ouvi
em apenas um disco, aquele do
"Grande Circo Místico", entre os
quais "Valsa Brasileira" e "Beatriz".
A propósito, todas as minhas filhas estão incluídas na relação:
"Mariana", de Edu, "Luiza" de
Tom Jobim, "Beatriz", de Edu e
Chico e "Dora", de Caymmi.
Você sabe o que é uma interpretação empolgante, daquelas de
deixá-lo sacolejando no carro,
batucando na direção, fazendo os
motoristas dos carros ao lado saírem de perto, com medo do maluco? Já tive alguns ataques de loucura assim ouvindo "1 x 0", por
Pixinguinha e Benedito Lacerda
e, recentemente, por Raphael Rabello e Dino; "Tico Tico no Fubá",
com Paquito de Rivera e, mais
antigo, com Oscar Aleman; "Noites Cariocas", no disco "Saraus de
Jacob"; a terceira parte de "Remeleixo", de Jacob; as interpretações
de Baden no Olympia, em 1974,
Canhoto da Paraiba com seus improvisos, João Bosco cantando
aquela "Feijoada", Gilberto Gil
em "Expresso 2222", os sambas de
breque de Germano Mathias.
Achei que já tinha ouvido tudo
até ouvir "Dadivilença", de e com
Armandinho e Moraes Moreira
no CD "Retocando o Choro", de
Armandinho. Coisa de gênio!
E-mail: lnassif@uol.com.br
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