|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Taxa de janeiro frustra e fica acima da estimativa da instituição
Na inflação, esperança ainda não venceu o medo, diz Fipe
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Na inflação, "a esperança ainda
não venceu o medo. Talvez isso
ocorra em fevereiro". Essa frase
de efeito de Heron do Carmo,
coordenador do Índice de Preços
ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), mostra que a taxa de inflação do mês passado ficou bem diferente do que se previa.
Estimada inicialmente para ficar abaixo do 1,83% de dezembro,
a inflação do mês passado frustrou e ficou bem acima das estimativas, diz o economista da Fipe. A taxa de janeiro foi de 2,19%,
a maior para o mês desde o início
do Plano Real.
Neste mês, a taxa também deve
superar as estimativas iniciais e ficar próxima de 1%. Apesar dessa
decolada da taxa nos dois primeiros meses do ano, Heron mantém
a previsão de 7% para 2003. "Essa
é uma taxa otimista, não vou negar", disse ele.
O economista mantém a estimativa para o ano porque, segundo ele, houve uma antecipação da
pressão de transportes de junho
para janeiro. "O ritmo atual de inflação é um absurdo", diz o economista. Uma taxa de 2% ao mês
significa que, a cada R$ 1.000, os
paulistanos perdem R$ 20 da renda. Em cinco meses, a perda é de
R$ 100. "A recuperação dessa renda a curto prazo é impraticável."
A perda de renda empobrece as
famílias e vai ajudar a segurar a
fúria da inflação nos próximos
meses. As empresas que fizeram
reajustes preventivos no final do
mandato de FHC, aproveitando a
mudança de governo, provavelmente deverão readequar para
baixo os preços, diz o economista.
Seis meses de sufoco
Os números da Fipe são impressionantes. Nos últimos 12 meses, a
inflação foi de 11,67%, a maior
desde outubro de 96. Dessa taxa,
10,11% ocorreram apenas nos últimos seis meses.
Apesar de as taxas de inflação
estarem acima da previsão neste
início de ano, a trajetória da inflação ainda é de queda em relação à
pressão do final do ano passado.
O economista da Fipe diz que as
pressões vieram de apenas dois
setores: transportes e educação. O
setor de transportes, que tinha registrado alta de apenas 0,71% em
dezembro, teve reajuste médio de
6,16% no mês passado. O principal foco de pressão veio dos transportes coletivos, que subiram
10,23% devido ao reajuste de ônibus liberado pela prefeita Marta
Suplicy (PT).
No setor de educação, a alta foi
de 7,87%. Os reajustes sempre
ocorrem nos meses de janeiro. A
Fipe constatou, no entanto, que as
escolas não conseguiram repassar
toda a inflação do ano passado
para as matrículas, o que mostra
perda de renda da classe média.
Transporte e educação fizeram
a diferença no mês passado, diz
Heron. Esses dois itens foram responsáveis por uma taxa de inflação de 1,17%. Sem eles, a inflação
de janeiro teria ficado em 1%,
abaixo da de dezembro.
A inflação de janeiro foi elevada
também porque os alimentos não
caíram como se previa. O aumento médio no setor foi de 1,88%,
contra 3,36% em dezembro. Os
preços devem continuar caindo
nesse setor. Os pesquisadores da
Fipe já constataram reduções nominais nos preços de janeiro.
A alta da inflação de janeiro vai
comprometer a taxa deste mês.
Além de novos aumentos, como
os de gasolina, álcool e tarifas de
telefone celular, o índice vai receber os resíduos dos reajustes de
transportes e gás ocorridos em janeiro. Só esses itens devem gerar
inflação de 0,65% para este mês.
Texto Anterior: Inflação volta a subir e bate recorde em SP Próximo Texto: Frases Índice
|