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FUSÃO
Proposta que será apresentada ao Cade prevê que as duas companhias sigam separadas e que criem uma nova independente
Agora, Varig e TAM querem criar 3ª empresa
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
As companhias aéreas Varig e
TAM, que há um ano protagonizam um arrastado processo de fusão, devem apresentar ao Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) na semana que
vem uma proposta de associação
que envolve a criação de uma terceira empresa, da qual as duas,
sem se fundir, seriam sócias.
A Folha apurou que, pelo plano
que será entregue ao órgão de defesa da concorrência, a nova companhia a ser criada coordenaria
operações conjuntas entre ambas,
como vôos compartilhados.
Ainda há detalhes sendo discutidos, mas, segundo a Folha apurou, 90% do projeto que será submetido ao Cade já foi definido. O
ministro da Defesa, José Viegas,
foi informado nesta semana sobre
a proposta.
Na prática, é uma forma de continuar a compartilhar vôos -e
manter o benefício da redução de
custos do acordo operacional-,
mas com algum tipo de associação formal entre ambas. O compartilhamento de vôos é apontado como um dos principais responsáveis pela melhora financeira de Varig e TAM em 2003.
A proposta -que também prevê um aperfeiçoamento do "code
share", para eliminar possíveis
desconfortos ao passageiro- pode garantir a manutenção do
acordo no Cade, que já manifestou sua impaciência com a indefinição do processo de fusão.
O órgão, que autorizou o compartilhamento no contexto de
uma fusão entre as aéreas, tem o
poder de revogá-lo. Como as duas
empresas sinalizaram incertezas
quanto à união, o Cade determinou que Varig e TAM apresentassem uma posição (se querem ou
não a fusão) até o dia 10.
O posicionamento das aéreas
também é importante porque a
Varig já declarou que, apesar da
melhora em sua situação financeira, precisa de ajuda do governo. No entanto, o presidente do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, afirmou diversas vezes no ano passado que, sem
fusão, não haveria ajuda financeira às empresas.
Entrave eliminado
Se a nova proposta for levada
adiante, um dos principais entraves a uma associação será eliminado: a resistência da TAM em
herdar o imenso passivo da Varig
-hoje em US$ 2 bilhões entre débitos trabalhistas, Banco do Brasil, Infraero e BR Distribuidora,
entre outros credores.
Isso porque as duas companhias, pela nova proposta, permanecem existindo separadamente.
A nova proposta também deve
evitar que o banco Fator, que trabalha desde o início de 2003 no
processo de fusão, saia de mãos
abanando. Se algum tipo de associação não for realizada, o banco
não recebe nada.
O modelo original de fusão desenhado pelo Fator previa que
Varig e TAM se tornariam uma
única empresa: nela, a Varig teria
5% de participação, a TAM 35%,
os credores internacionais 20% e
empresas estatais credoras da Varig 40%.
Fusão arrastada
O processo de fusão teve início
em 6 de fevereiro de 2003, quando
Varig e TAM, em dificuldades financeiras, assinaram um protocolo de intenções para se tornarem uma única empresa.
Com o passar dos meses, no entanto, dificuldades foram surgindo. A partir de julho, uma série de
liminares concedidas a pedido de
funcionários da Fundação Ruben
Berta (controladora da Varig)
contrários à fusão atrapalharam
as negociações.
Em agosto, um sério abalo para
a fusão. O executivo Daniel Mandelli Martin, um dos principais
articuladores da união, deixou a
presidência da TAM.
Durante o período, a situação financeira das empresas -impulsionada pelo compartilhamento
de vôos e pelo controle da oferta
pelo governo- melhorou.
As companhias passaram então
a rejeitar o modelo de fusão, querendo condições melhores na nova empresa -como maior participação acionária.
Além disso, diz-se nos bastidores que auditorias teriam revelarado à TAM que o passivo da Varig era maior do que o imaginado
a princípio, o que também travou
o processo.
Roberto Müller, porta-voz da
fusão, negou que uma alternativa
já tenha sido definida pelas empresas. "Os entendimentos avançam de forma muito positiva e favorável, mas nada foi definido
ainda", afirmou.
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