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Bancos devem vender mais dólares para aplicar em juros
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os próximos dias continuarão trazendo uma forte pressão
de queda nas cotações do dólar,
principalmente pela ação de
grandes bancos que se encontram hoje em posição "comprada" -ou seja, com dólares que
consideram estar "sobrando"
em suas carteiras.
No início de fevereiro, essas
posições eram estimadas em
até US$ 10 bilhões, montante
do qual os bancos querem se livrar agora, pressionando a
moeda ainda mais para baixo.
As carteiras em dólares estavam constituídas desde antes
da decisão do Copom de reduzir em apenas 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros,
na semana passada.
Antes também de ficar claro
para o mercado que o Fed, o
banco central dos EUA, deve
interromper o processo de elevação dos juros americanos.
Juros estáveis nos EUA e
queda menor da Selic no Brasil
significam duas coisas: os papéis do Tesouro americano não
devem atrair mais dólares do
resto do mundo para dentro
dos EUA -e para fora do Brasil.
Ao mesmo tempo, a redução
da Selic em ritmo mais lento
significa que aplicar em papéis
do Tesouro brasileiro, que pagam a maior taxa de juros do
mundo, continua sendo um excelente investimento.
A maior parte das vendas de
dólares que os bancos tentarão
fazer nas próximas semanas
tem justamente esse destino:
aproveitar o elevado juro básico praticado pelo BC.
Operadores no mercado de
câmbio afirmam que eventuais
ações do BC para segurar as cotações só diminuirão a intensidade da queda, mas a tendência
de baixa é predominante.
"O governo não tem solução
técnica para sustentar as cotações, pois não vai conseguir
agir na mesma proporção das
posições compradas dos bancos. O que fica claro nesse movimento é que a política de juros está errada", afirma Sidnei
Nehme, diretor-executivo da
NGO, tradicional corretora de
câmbio de São Paulo.
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