São Paulo, terça-feira, 06 de fevereiro de 2007

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análise

Bens de capital mostram volta do investimento

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria cresceu menos em 2006 do que em 2005. Mas, por trás da modesta taxa de crescimento de 2,8%, há indicadores positivos e que apontam para resultados mais alentadores em 2007.
É verdade que as previsões a respeito do desempenho da indústria neste ano não são de crescimento acelerado. Elas giram em torno de 4%, a maioria é de 3,5%, algo pouco superior aos 2,8% do ano passado e aos 3,1% de 2005.
Mas é cedo para bater o martelo, e o comportamento do setor industrial nos últimos trimestres não deixa de fora um cenário de crescimento um pouco maior.
Primeiro, é digno de nota que o setor de bens de capitais cresce há sete trimestres consecutivos. Mais que isso, em cinco desses trimestres o crescimento do setor foi superior à média da indústria. No último trimestre de 2006, por exemplo, a produção do setor de bens de capitais subiu 3% em relação ao trimestre anterior, ao passo que a indústria cresceu 1,1%.
O que esses números dizem sobre 2007 é que a indústria tem espaço para crescer sem gerar pressões inflacionárias. Eles também podem indicar que o produto potencial brasileiro subiu um pouco, já que a alta do setor de bens de capitais alimenta o aumento dos investimentos.
As medidas de produto potencial são precárias. Elas tentam expressar qual a taxa máxima de crescimento que o país pode atingir sem que os preços disparem por conta de gargalos, pressões salariais, falta de insumos. Com os investimentos subindo hoje um pouco mais do que o PIB, o produto potencial deve estar em alta.
Números da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostram que o ano acabou com aceleração das vendas, e as horas trabalhadas no setor industrial recuaram no último bimestre.
Vendas em alta e queda no ritmo de trabalho indicam redução do estoque, como outras pesquisas qualitativas -uma da FGV, outra da própria CNI- divulgadas durante a semana passada já indicavam. Nesse caso, aliam-se à capacidade de crescimento da indústria os estoques ajustados. Ou seja, caso a procura cresça, ela será seguida por alta da produção.
Os bons sinais da indústria, no entanto, ainda não fizeram os analistas mudarem suas projeções para o crescimento da economia. Para Marcela Prada, da consultoria Tendências, as sondagens industriais mostram um cenário benigno para 2007. "A expectativa é de câmbio relativamente estável, com ambiente propício a importações e favorável ao consumo", diz. A projeção da Tendências é de expansão de 3,2% do PIB em 2007, mas o dado está sob revisão.
Sergio Vale, da MB Associados, afirma que a indústria deve continuar a sofrer os efeitos da valorização do real. Ele estima alta de 3,0% para o PIB em 2007 e de 3,5% para a indústria.
Para Bráulio Borges, da LCA, os resultados não foram suficientes para modificar a projeção do PIB, mas sinalizam mais investimentos. "Revisamos de 6,3% para 6,7% a projeção de alta dos investimentos em 2006."


Colaboraram a Sucursal do Rio e a Folha Online, no Rio

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