São Paulo, quarta-feira, 06 de fevereiro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Blindagem é de papel crepom, diz economista

A blindagem do Brasil contra uma eventual crise internacional de grandes proporções é de "papel crepom". A afirmação é de Reinaldo Gonçalves, professor titular de economia internacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
"A blindagem do [presidente do Banco Centra Henrique] Meirelles é de papel crepom", afirma Gonçalves. "Se chover e houver crise, o Brasil fica pelado, no meio da avenida."
Isso porque, de acordo com Gonçalves, apesar de o Brasil ter melhorado em alguns aspectos macroeconômicos, o resto do mundo está muito mais forte.
"O Brasil está mais bem preparado do que há dois anos, mas o mundo está melhor ainda", diz ele. "Estamos, na verdade, entre os piores."
Entre os argumentos de Gonçalves, está o fato de que o superávit comercial, apontado como um dos pontos fortes do país por Meirelles, é decrescente. Diversos bancos têm feito previsões de que 2008 deverá ser o último ano de superávit por conta da valorização do real frente ao dólar e da abertura comercial.
"O próprio relatório Focus, do Banco Central, indica que as transações correntes já serão negativas neste ano", diz ele.
A justificativa de que o Brasil hoje depende menos dos Estados Unidos, o país mais afetado pela crise dos subprime, as hipotecas de alto risco, também é contestada por Gonçalves.
"Se forem calculados os seis principais mercados para os quais o Brasil exporta, que processam produtos brasileiros e os vendem indiretamente para os Estados Unidos, a proporção de vendas aos americanos mantém-se a mesma", afirma.
Gonçalves também diz que as reservas internacionais do Brasil poderão acabar rapidamente, caso haja pressão para o aumento de juros ou ataque especulativo. "Além disso, temos um passivo [dívida] externo líquido de US$ 400 bilhões e somos os mais vulneráveis entre os emergentes", afirma.

bastidores
Família sócia da InBev visita Brasil

Sem fazer barulho e longe dos flashes da avenida, aterrissaram no último domingo, no Sambódromo do Rio de Janeiro, para assistir ao desfile das escolas de samba, mais de dez membros da família Spoelperch, que é sócia da InBev e é a mais rica da Bélgica.
Eles desfilaram na Mangueira e assistiram ao desfile no camarote da Brahma. Tradicionalmente, as famílias belgas que dividem o controle da InBev com os sócios brasileiros (Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles) escolhem um lugar no mundo onde a cervejaria seja forte e viajam em bloco para conhecer as suas instalações.
Pela primeira vez, o Brasil foi o escolhido.
Ao todo, estiveram no Brasil cerca de 30 membros da família -entre eles, o Visconde Philippe Spoelperch. Eles visitaram as fábricas, participaram de reunião do conselho e foram ao Sambódromo.
Os brasileiros têm muita influência sobre a gestão da InBev.
Dois terços do comando principal da gestão estão sob o comando de executivos brasileiros da AmBev.

Terceirizado, Carnaval da Bahia movimentou mais de R$ 11 milhões

Neste ano, pela primeira vez, a Prefeitura de Salvador fez uma concorrência pública e transferiu a um terceiro a venda das cotas de patrocínio do Carnaval da cidade.
A empresa vencedora da concorrência da comercialização do Carnaval foi a agência de propaganda Tudo, do grupo ABC, de Nizan Guanaes. Ela vendeu R$ 8,2 milhões em cotas e vai ficar com 20% do total, o que equivale a cerca de R$ 1,640 milhão.
Maurício Magalhães, presidente da Tudo, diz que, com outros investimentos publicitários das empresas, o volume movimentado no Carnaval baiano, sem contar os patrocínios a blocos, pode ter alcançado a cifra de R$ 11,2 milhões.
"Estimulamos uma competição que não havia antes e as marcas passaram a disputar também esse mercado", afirma. "O Carnaval tornou-se muito mais profissionalizado."
Como a licença para a venda das cotas do Carnaval da Bahia é válida por um período de dois anos, a Tudo pretende funcionar mais ou menos como as escolas de samba do Rio. Já vai começar a vendê-las tão logo o Carnaval terminar.
"Também estamos de olho em outros Carnavais do Nordeste", afirma Magalhães.

ERA UMA VEZ

A produtora Flamma inaugura no país o desenho "Princesas do Mar", animação infantil brasileira co-produzida com a australiana Southern Star e o estúdio espanhol Neptuno. O trabalho, exibido atualmente só na Austrália, deve estrear no Brasil em abril pela Discovery Kids. A história, que conta a aventura de princesas do mar, aborda cidadania e ecologia, e foi inspirada no livro de Fábio Yabu, sócio da produtora. O custo de produção foi de US$ 7 milhões. "Estamos trabalhando na segunda temporada", diz Yabu.

DESTINO
Segundo pesquisa do World Economic Forum com 200 "Jovens Líderes Globais", os BRICs estão entre os dez principais destinos de seus recursos. O "Jovens Líderes" é um programa do Forum, que reúne líderes com até 40 anos do mundo inteiro e já teve como participantes Tony Blair e Bill Gates. Na resposta à pergunta "se você tivesse de alocar metade de seu capital financeiro de longo prazo em um país, qual nação escolheria?", o Brasil é o terceiro, empatado com a China, com 14,3%. A Índia é a primeira, com 24,3%. Estados Unidos estão em segundo. A Rússia, em sétimo.

MEXICANO
A segunda edição da revista Experience Magazine, do grupo Experience Media, vai trazer uma entrevista com o empresário mexicano Ricardo Salinas. "Saía ele ou saía eu", diz Salinas à publicação, sobre a disputa de poder entre ele e seu pai pela liderança interna no grupo Salinas.

OCO
O empresário também falou dos conselhos que ouviu de Sam Walton, fundador do Wal-Mart. "Ele me fez ver coisas que mudaram minha vida." O bilionário disse também que sente "um oco aqui dentro" quando fala da falta de tempo para os filhos.

MBA
Segundo pesquisa do Ibmec São Paulo com 921 alunos do MBA Executivo e do MBA Executivo em Finanças, 76% afirmaram que o curso aumentou seu reconhecimento dentro e fora da empresa. No MBA Executivo, cerca de 35% têm experiência de 4 a 6 anos na função de gerentes e 53% trabalham em multinacionais. Já em Finanças, o levantamento mostra que 30% dos alunos têm experiência profissional de 1 a 3 anos. A idade média está entre 30 e 34 anos. No MBA Executivo, 58% dos alunos são casados, enquanto na área de Finanças, a maioria dos alunos, 60%, são solteiros.

INVESTIMENTO
Luiz Fernando Edmond, diretor-geral da AmBev para a América Latina, diz que a cervejaria abrirá mais duas fábricas neste ano, uma em Minas e outra no Norte (Amazonas ou Pará). A companhia tem hoje 26 fábricas.

CAMPO
Xavier Rambaud, CIO da Rhodia, desembarca em São Paulo para participar, no dia 26, do seminário Brasil Outsourcing e Captive Centers 2008. Na sua apresentação, falará que o Brasil ainda tem campo para explorar sua competitividade internacional em offshore e outsourcing dos serviços de TI.


com ISABELLE MOREIRA LIMA, JOANA CUNHA e CRISTIANE BARBIERI


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