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DEM tenta barrar compra da BrT pela Oi
Presidente do partido, Rodrigo Maia, afirma que o negócio entre teles é questionável legalmente por concentrar setor
Deputado cita ainda o fato de a Oi ter sociedade com empresa do filho de Lula como motivo de contestação da compra
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O Democratas vai contestar a
compra da Brasil Telecom
(BrT) pela Oi (ex-Telemar),
afirmou à Folha o presidente
do partido, deputado federal
Rodrigo Maia (RJ). Ele tem
pronto um parecer jurídico do
partido que considera o negócio ilegal, por ferir a lei nº 8.894/
98, que trata das infrações contra a ordem econômica.
""Vamos questionar a legalidade do decreto a ser assinado
pelo presidente da República
[que altera o Plano Nacional de
Outorgas da telefonia fixa] porque vai concentrar o setor, em
vez de descentralizar para aumentar a concorrência. E o filho do presidente Lula tem sociedade com a Oi/Telemar. O
negócio é questionável sob
qualquer aspecto", disse o presidente do DEM.
A Telemar é acionista da Gamecorp, da qual Fábio Luiz da
Silva, filho do presidente Lula,
é um dos proprietários, e injetou R$ 10 milhões na empresa.
A parceria com a Gamecorp começou em 2005, quando a tele
aumentou o capital da empresa
em R$ 2,7 milhões, por compra
de ações, e pagou R$ 2,5 milhões pela exclusividade dos
serviços. No ano seguinte, colocou mais R$ 5 milhões.
Maia afirmou que o Democratas entrará com ação judicial anulatória assim que o decreto de mudança do PGO for assinado por Lula e que também recorrerá ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica] para tentar impedir o negócio.
Reação esperada
A reação do DEM era esperada por acionistas das duas teles,
que aceleraram as negociações
a partir do final de dezembro.
Mas, segundo apurou a Folha,
eles avaliam que a rejeição no
Congresso será minoritária,
uma vez que a criação do que
alguns chamam de "supertele
nacional" tem o aval do Palácio
do Planalto.
O anúncio oficial do acerto
entre os acionistas pode acontecer na semana seguinte à do
Carnaval, segundo expectativa
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), que financiará parte da
operação. A Oi ofereceu R$ 4,8
bilhões pela compra do controle acionário da BrT e poderá
desembolsar mais R$ 3,5 bilhões com a compra de ações
ordinárias em poder de minoritários.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, chegou a
anunciar, na semana passada,
que os acionistas teriam fechado o acordo. Mas os fundos de
pensão ainda discutem algumas cláusulas.
Concentração
A senadora Kátia Abreu
(TO), vice-presidente do DEM,
disse que a estratégia de oposição à compra da BrT pela Oi será discutida hoje em reunião da
diretoria executiva do partido.
'"Com certeza, o presidente
do partido, eu e o futuro líder
do DEM na Câmara faremos
discursos em plenário. É posição absolutamente fechada,
não tem volta", afirmou. O deputado Rodrigo Maia disse que
a posição foi aprovada pelo
conselho político da legenda.
A principal alegação do governo para defender a compra
da BrT pela Oi é a criação de
uma grande empresa nacional
que se contraponha ao avanço
no Brasil da Telefónica (Espanha) e da Telmex (México) no
setor. A primeira é concessionária de telefonia fixa do Estado de São Paulo, tem 50% da
Vivo e é acionista da TVA e da
Telecom Italia, que controla a
TIM. A segunda é dona da Claro, da Embratel (concessionária de telefonia fixa de longa
distância) e acionista da TV a
cabo Net Serviços.
Segundo Rodrigo Maia, a posição do DEM não tem a ver
com a origem do capital, se nacional ou estrangeiro, mas com
o aumento da concentração na
telefonia fixa. A empresa que
resultar da fusão, segundo afirmou, terá 70% da telefonia fixa,
com concessão em todo o país,
à exceção do Estado de São
Paulo. ""Não foi para isso que o
país privatizou as teles e abriu o
mercado, mas para aumentar a
concorrência", afirmou
Kátia Abreu questiona a mudança via decreto. Segundo ela,
o governo deveria promover
um debate político sobre a mudança na legislação, antes de
apoiar um negócio privado.
""Não dá para o presidente
Lula, a serviço do bem ou do
mal, afrontar a legislação. Se ele
quer mudar as regras, que proponha a mudança na Lei Geral
de Telecomunicações", afirmou a senadora.
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