São Paulo, Sábado, 06 de Fevereiro de 1999 |
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REPERCUSSÃO Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central - "A meta de inflação assumida pelo país anteontem com o FMI pode perfeitamente permitir uma inflação anualizada superior a 10% ao longo do ano. Todos os países que sofreram desvalorização cambial pela ação do mercado tiveram um impacto inflacionário duro." Marcílio Marques Moreira , ex-ministro da Fazenda - "A inflação anualizada pode chegar a 15% no primeiro semestre deste ano, mas deverá cair para 5% no segundo semestre, ficando assim dentro da meta de inflação anualizada de 10% em dezembro. Por definição, a desvalorização implica inflação e arrocho salarial. Surpreendi-me quando a CUT e os sindicatos pediram a desvalorização." Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP) - "Não há novidade nas medidas anunciadas. Já esperávamos um ano difícil, com política monetária apertada e juros altos. Os recursos de bancos e financeiras vão ser menores neste ano e quem mais vai sofrer são as micro e pequenas empresas. Os agiotas é que devem estar sorrindo neste momento. Quem tem dinheiro para emprestar vai aproveitar o momento." Sérgio Haberfeld, presidente da Abre (Associação Brasileira de Embalagens) - "Se olharmos outros países onde o FMI participou, o aumento da taxa de juros é inevitável para manter a inflação sob controle. Isso já era esperado. Só que tenho minhas dúvidas de que o governo vai cortar os gastos. Ou o governo segura a inflação ou diminui a alíquota de importação de alguns produtos para regular os preços no mercado interno ou taxa a exportação de produtos que têm venda mais atrativa no exterior." Vicente Paulo da Silva, presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores) - "É a mesma política de antes, que provocará ainda mais aumento do desemprego. A CUT defende como medida imediata a centralização do câmbio e a renegociação da dívida externa. Não podemos deixar o mercado definir a taxa de câmbio." Paulo Pereira da Silva, vice-presidente da Força Sindical - "As novas metas significam mais recessão. Pelo visto, a queda do PIB neste ano será de 3,5%. É terrível para o nível de emprego. Alguns setores, como o de autopeças, pode até ser beneficiado pela nova conjuntura, mas no geral o desemprego crescerá em 99." Sérgio Mendonça, diretor do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) - "Novos ajustes nas contas públicas serão traumáticos. Pelo visto o governo vai manter os juros altos enquanto for necessário. A situação vai ficar bem difícil no primeiro semestre. As novas metas acertadas com o FMI são a última cartada do governo, já que a margem de manobra da política econômica atualmente é mínima. As consequências sociais serão graves." Arnaldo Madeira (PSDB-SP), líder do governo na Câmara - "Fora a criação do imposto sobre combustíveis, que poderá ser antecipada, não vejo mais nada que possa ser feito do lado da receita. O governo precisa cortar mais fundo os gastos." Geddel Vieira Lima (BA), líder do PMDB na Câmara - "Não dá mais para o Congresso aprovar medidas impopulares, que cortam fundo na carne da classe média, sem o governo apresentar resultados. O Congresso chegou ao limite." Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP) - "Se esse ajuste adicional for em forma de imposto, dificilmente passará no Congresso. Ninguém nos consultou sobre o acordo com o FMI." Aécio Neves (MG), líder do PSDB na Câmara - "Não vejo mais muita possibilidade de medidas inovadoras." Texto Anterior: Governo vai rolar dívida, diz Roberto Setubal Próximo Texto: Construtoras demitem em janeiro Índice |
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