São Paulo, Sábado, 06 de Fevereiro de 1999 |
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TURBULÊNCIAS Tempestade em São Paulo faz o segundo homem do FMI perder o avião para os EUA e parar em Viracopos Fischer passa a madrugada em aeroporto
MARTA SALOMON da Sucursal de Brasília MAURICIO ESPOSITO da Reportagem Local Foram turbulentas as últimas horas da missão do vice-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Stanley Fischer, no Brasil. O temporal que atingiu São Paulo anteontem à noite impediu o pouso do avião em que viajava, vindo de Brasília, no aeroporto de Cumbica, onde outra aeronave, que o levaria a Washington, fora atingida por um raio. Fischer decolou às 19h47 no vôo 089 da Transbrasil, cuja programação era chegar às 21h17 a Guarulhos. Com a tempestade e a interdição do aeroporto de Cumbica, o vôo foi desviado para Viracopos, em Campinas (99 km de SP). O avião pousou por volta das 21h15, segundo a Transbrasil. Após algumas horas, Fischer saiu e viajou para Guarulhos, onde chegou às 2h47. O executivo finalmente embarcou para os Estados Unidos no vôo 732 da United Airlines, que decolou às 4h47 -cinco horas e 35 minutos de atraso em relação à programação original. O primeiro contato com a equipe do Ministério da Fazenda foi feito quase quatro horas depois da decolagem de Brasília. Por volta da meia-noite, Stanley Fischer pediu socorro: "As pessoas vão me levar para São Paulo, queria que seu pessoal soubesse". O pessoal, no caso, era o funcionário do ministério que o esperava em Guarulhos. A ligação caiu. E o pedido de socorro foi interrompido antes que o economista conseguisse dizer ao chefe de gabinete do ministro Pedro Malan, João Batista Magalhães, onde se encontrava. ""Acho que ele falava de um celular: não conseguia entender o que ele dizia, e ele também não me ouvia direito", contou. Às 3h da manhã, o segundo homem da hierarquia do FMI chamou o assessor de imprensa do Fundo, Francisco Baker. ""Pela voz, ele estava muito cansado", relatou. Era preciso cancelar uma importante reunião prevista para algumas horas mais tarde com o chefe Michel Camdessus. Meia hora depois da decolagem de Brasília, surgiram as primeiras informações no Ministério da Fazenda sobre os problemas na viagem de Fischer. O avião tentou seguir para o Rio. Chegaram a reservar um assento para o economista em outro vôo que partiria na mesma noite para os EUA. Mas outros pilotos que pousariam em Cumbica haviam tido a mesma idéia e o pátio do aeroporto do Galeão já estava lotado. Um plantão improvisado no cerimonial do Ministério da Fazenda acompanhava a agonia. Até o Ministério da Aeronáutica foi acionado. ""As informações eram desencontradas", contou o assessor de Malan. O ministro acompanhava a confusão por telefone. Apesar do cansaço, Stanley Fischer manteve o bom humor durante sua estada em Cumbica. Na madrugada, ele ficou alojado nas dependências do inspetor da alfândega, pois na sala VIP poderia ser reconhecido, revelou à Folha o delegado do Ministério da Fazenda em São Paulo, Álvaro Luz Franco Pinto, designado para acompanhar o segundo homem na hierarquia do FMI durante a sua escala. "Conversamos sobre a sua terra natal, a Zâmbia; meu sogro conhecia muito aquele país", disse o delegado, que esperava Fischer no aeroporto desde as 21h. Enquanto aguardava o vice-diretor-gerente do FMI, o delegado do ministério chegou até a receber um telefonema da mulher do economista, preocupada com o atraso. Durante a conversa, quando o delegado não entendia algo que o economista dizia, Fischer escrevia mensagens em bilhetes. Segundo o delegado, Fischer achou graça da situação. O segundo homem do FMI disse que o avião da Transbrasil poderia ter saído do aeroporto de Viracopos muito antes, mas os passageiros haviam deixado a aeronave para jantar e demoraram a retornar. "Quando ele finalmente partiu, liguei para o ministro para informar da partida, às 5h", contou. Colaborou João Carlos Silva, da Reportagem Local Texto Anterior: Batatas fritas sobem 25,49% em 12 dias Próximo Texto: Executivo pede pão de queijo Índice |
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