São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

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DRAGÃO DOMADO

Taxa da Fipe atinge 0,12% em março e 4,47% no acumulado de 12 meses; álcool e açúcar puxam desaceleração

Inflação anual em SP é a menor em 38 meses

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação anual está no menor patamar dos últimos 38 meses em São Paulo. Em março, a taxa acumulada em 12 meses recuou para 4,47% -a menor desde os 4,18% de janeiro de 2001. O recuo da taxa se deve à desaceleração inesperada da taxa no mês passado, surpreendendo o mercado e a própria Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que pesquisa os preços em São Paulo.
As previsões iniciais da Fipe indicavam inflação de 0,40% para março. A taxa foi de apenas 0,12%. Quedas de preços nos setores de transporte e de alimentação e reajustes menores nos produtos industrializados foram as causas dessa desaceleração da inflação, segundo Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor.
No setor de transporte, a principal queda foi para os preços do álcool, que atingiu 17,5% no mês passado. Nos últimos 12 meses, a queda acumulada é de 50,4%. A queda do álcool permitiu a redução acumulada de 11,8% nos preços da gasolina no período.
Entre os alimentos, mais um produto do setor sucroalcooleiro foi responsável pela queda na inflação: o açúcar. O produto caiu 9,7% no mês passado e 41,2% em 12 meses.
A inflação está abaixo das expectativas, ainda, porque as indústrias não conseguem repassar para o varejo os aumentos de matérias-primas e de outros custos.
Segundo Picchetti, os IPCs (índices que mostram os preços no varejo) repassam, em geral, 70% da taxa registrada pelos IPAs (índices que mostram os preços no atacado). Neste ano, no entanto, o repasse fica bem abaixo desses 70%, diz o economista da Fipe.

"Vôo de galinha"
A inflação acumulada do primeiro trimestre é de apenas 0,95% em São Paulo, percentual que, anualizado, ficaria em 3,85% em 2004. Apesar da indicação desse patamar, o coordenador da Fipe não revisou a taxa de 5,5% a 6% para este ano.
Dificilmente São Paulo terá aumentos de tarifas como transporte e água e esgoto neste ano devido às eleições. Mesmo assim, Picchetti diz que a inflação deverá sofrer os efeitos dos reajustes de contratos pautados pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) e pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado). Além disso, o coordenador da Fipe diz que é preciso esperar os dados macroeconômicos do trimestre: nível de atividade industrial, renda e desemprego. O comportamento desses indicadores será decisivo para as novas taxas de inflação, pois eles determinarão a política monetária do governo federal.
Picchetti diz que é preciso saber se a economia está com ritmo ascendente ou se é apenas um "vôo de galinha". Ele diz acreditar, porém, que a retomada da atividade industrial não depende apenas dos juros e do Banco Central.
"Definição operacional das PPPs [Parcerias Público-Privadas], do ajuste fiscal e de outros atos do governo são importantes para a aceleração industrial. Seria interessante o governo manter a mesma transparência do BC nessas operações", diz o economista.
Para abril, a Fipe prevê inflação de 0,15% a 0,20%. As pressões virão de remédios, cigarros e tarifas de telefone. Só os remédios vão gerar inflação de 0,07% no mês.


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