São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Eles querem que Bottini deixe de ser o gestor da recuperação judicial e que consultoria americana assuma a função

Credores da Varig pedem saída de presidente

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Os credores da Varig recorreram ontem à Justiça para destituir o presidente-executivo da Varig, Marcelo Bottini, do cargo de gestor interino da recuperação judicial. Ele acumula as duas funções desde dezembro. Os credores querem que a consultoria americana Alvarez & Marsal, contratada como reestruturadora, assuma o cargo.
Na prática, a medida representa uma antecipação das mudanças na direção da companhia. O pedido encampado pelas três classes de credores e liderado pelo Aerus, fundo de pensão dos funcionários da companhia, foi apresentado durante a assembléia de credores no Rio de Janeiro e consignado em ata.
Segundo Márcio Marsillac, coordenador do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), a Deloitte, administradora judicial da companhia, levaria o pedido à 8ª Vara Empresarial.
"A constatação dos credores é que o gestor interino não teve a capacidade de implementar as ações previstas no plano de recuperação aprovado em dezembro", afirmou Marsillac.
O presidente do Aerus, Odilon Junqueira, teceu críticas mais amenas, mas destacou que a Alvarez & Marsal, consultoria conhecida internacionalmente por trabalhar na recuperação de companhias aéreas como a Aeroméxico, pode dar mais credibilidade à Varig. "Não faz sentido contratar um Pelé e deixá-lo na reserva", disse Junqueira.
O presidente da Varig, Marcelo Bottini, defendeu a antecipação na troca do gestor interino. "Isso é bom, esse trabalho me tomava muito tempo", disse.

Brascan
Os credores confirmaram ontem a escolha do banco Brascan para ocupar a função de gestor dos FIPs (Fundos de Investimento e Participação), o principal instrumento para a reestruturação da companhia e atração de novos investidores.
Segundo o advogado Fábio Carvalho, do escritório Castro, Barros, Sobral, Gomes Advogados, após a definição do gestor, a criação do fundo deve levar cerca de dez dias. Depois que a FRB (Fundação Ruben Berta) transferir suas ações para o fundo, o gestor (o banco Brascan) passará a tomar as principais decisões sobre a companhia. A expectativa dos credores é que a direção da Varig sofra mudanças.
A assembléia determinou ainda o nome do agente fiduciário, que será o Oliveira Trust DTVM. Ele terá o papel de representar os credores da companhia que não quiserem converter créditos em cotas do fundo. Os credores nessa situação poderão esperar até que o patrimônio do FIP atinja o patamar de R$ 750 milhões para decidir se desejam ou não converter suas cotas.


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