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CRISE NO AR
Eles querem que Bottini deixe de ser o gestor da recuperação judicial e que consultoria americana assuma a função
Credores da Varig pedem saída de presidente
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Os credores da Varig recorreram ontem à Justiça para destituir
o presidente-executivo da Varig,
Marcelo Bottini, do cargo de gestor interino da recuperação judicial. Ele acumula as duas funções
desde dezembro. Os credores
querem que a consultoria americana Alvarez & Marsal, contratada como reestruturadora, assuma
o cargo.
Na prática, a medida representa
uma antecipação das mudanças
na direção da companhia. O pedido encampado pelas três classes
de credores e liderado pelo Aerus,
fundo de pensão dos funcionários
da companhia, foi apresentado
durante a assembléia de credores
no Rio de Janeiro e consignado
em ata.
Segundo Márcio Marsillac,
coordenador do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), a Deloitte,
administradora judicial da companhia, levaria o pedido à 8ª Vara
Empresarial.
"A constatação dos credores é
que o gestor interino não teve a
capacidade de implementar as
ações previstas no plano de recuperação aprovado em dezembro", afirmou Marsillac.
O presidente do Aerus, Odilon
Junqueira, teceu críticas mais
amenas, mas destacou que a Alvarez & Marsal, consultoria conhecida internacionalmente por trabalhar na recuperação de companhias aéreas como a Aeroméxico,
pode dar mais credibilidade à Varig. "Não faz sentido contratar um
Pelé e deixá-lo na reserva", disse
Junqueira.
O presidente da Varig, Marcelo
Bottini, defendeu a antecipação
na troca do gestor interino. "Isso é
bom, esse trabalho me tomava
muito tempo", disse.
Brascan
Os credores confirmaram ontem a escolha do banco Brascan
para ocupar a função de gestor
dos FIPs (Fundos de Investimento e Participação), o principal instrumento para a reestruturação
da companhia e atração de novos
investidores.
Segundo o advogado Fábio Carvalho, do escritório Castro, Barros, Sobral, Gomes Advogados,
após a definição do gestor, a criação do fundo deve levar cerca de
dez dias. Depois que a FRB (Fundação Ruben Berta) transferir
suas ações para o fundo, o gestor
(o banco Brascan) passará a tomar as principais decisões sobre a
companhia. A expectativa dos
credores é que a direção da Varig
sofra mudanças.
A assembléia determinou ainda
o nome do agente fiduciário, que
será o Oliveira Trust DTVM. Ele
terá o papel de representar os credores da companhia que não quiserem converter créditos em cotas
do fundo. Os credores nessa situação poderão esperar até que o patrimônio do FIP atinja o patamar
de R$ 750 milhões para decidir se
desejam ou não converter suas
cotas.
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