São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2006

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Mudar economia seria "loucura", diz Mantega

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma semana depois de assumir o lugar do ministro mais forte do governo Lula, Guido Mantega (Fazenda) disse que reina a "total normalidade na economia do país", com os mercados financeiros operando tranqüilamente, Bolsa em alta e risco Brasil em queda. "O risco-país continua caindo apesar do ministro da Fazenda", comentou, ironizando críticas de que sua nomeação para o cargo traria instabilidade.
Descartando qualquer mudança de rumo na política que já vinha sendo implementada, ele disse que "inflexão é uma palavra que não existe no meu vocabulário". Isso porque, segundo ele, não há razão para mudar o que está dando certo. "Seria uma loucura [alterar a política econômica]. Ninguém rasga nota de R$ 100 neste ministério. Se a política econômica estivesse dando resultado ruim, mas está dando certo", reagiu ao ser questionado sobre ajustes durante a sua gestão.
O ministro voltou a afirmar que é o "fiador" do ajuste fiscal. Bem-humorado, ele disse acreditar que, depois de uma semana repetindo seguidas vezes seu compromisso com controle fiscal, é possível deixar de lado os indicadores financeiros, que são mais sensíveis à troca de nomes na equipe econômica, para comemorar os bons dados da economia real.
"A indústria está dando sinais de vigor, crescendo 4,5% em relação ao primeiro bimestre do ano passado. Estamos na rota de crescimento", destacou, ressaltando que a alta no segmento de máquinas reflete reaquecimento também de investimentos.
A alta da taxa de investimento do setor produtivo é necessário para que a economia possa crescer sem risco de pressões sobre a inflação. "Tudo isso está prenunciando que 2006 será um ano bom para a produção. Na minha opinião, a indústria poderá crescer 6% neste ano e puxar outros setores de forma a termos um crescimento do PIB em torno de 4,5%."
Na avaliação do ministro, a economia brasileira encontra-se na "melhor das situações", pois "a indústria está crescendo, a inflação caindo, os juros caindo e o crédito está disponível para quem quiser investir". Mantega comemorou ainda o fato de, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, o Brasil já estar começando 2006 com um ritmo forte do nível de atividade.
Na posse do novo presidente do BNDES, Demian Fiocca, o ministro da Fazenda atribuiu a "solidez e o vigor" do crescimento econômico à "revolução" no sistema de crédito realizada pelo governo Lula.
Questionado se o nível das reservas internacionais está muito baixo, Mantega inicialmente disse que esse não era um assunto sobre o qual ele devesse se pronunciar. Em seguida, no entanto, afirmou que o Tesouro Nacional e o Banco Central continuarão com a atual política de recomposição das reservas.
No início da noite, Mantega disse que o atual secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, deverá permanecer no posto.
(SHEILA D'AMORIM E JULIANNA SOFIA)


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