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CÂMBIO
Fluxo líquido encosta em US$ 8 bilhões no mês de março, impulsionado por exportação; bancos absorvem boa parte dos recursos
Ingresso de dólares no Brasil é o maior dos últimos 8 anos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ingresso de capital externo no
Brasil foi recorde pelo segundo
mês seguido em março, conforme
o Banco Central. De acordo com
os dados, o fluxo líquido de divisas para o país chegou a US$ 7,993
bilhões, valor mais alto já registrado desde março de 1998.
Esse número inclui as operações de entrada e saída de dólares
fechadas no mercado de câmbio,
considerando, portanto, exportações, importações, pagamentos
de dívidas, remessas de lucros e
ingressos de investimentos estrangeiros, entre outros itens.
Quase todo esse dinheiro foi parar na carteira dos bancos, que
elevaram de R$ 200 milhões para
R$ 5,6 bilhões suas posições compradas em câmbio ao longo de
março. Um pouco mais de US$ 2
bilhões foi adquirido, no mesmo
período, diretamente pelo BC.
A exemplo do que vinha ocorrendo em meses anteriores, o fluxo recorde de divisas registrado
em março reflete, em grande parte, as transações de comércio exterior. Ao todo, os dólares trazidos ao Brasil por exportadores superaram em US$ 5,537 bilhões as
remessas feitas por importadores
no mesmo período.
Para o economista-chefe do
BNP Paribas, Alexandre Lintz, o
fluxo de divisas observado em
março mostra que, apesar da crise
política, o mercado ainda confia
nos fundamentos da economia.
"Os investidores estão bastante
tranqüilos para enfrentar turbulências", afirma Lintz, numa referência não só à crise política mas
também às incertezas observadas
no cenário internacional, com o
contínuo aumento dos juros promovido por países desenvolvidos
-especialmente nos EUA.
"Os emergentes, em geral, enfrentaram certa turbulência nas
últimas semanas", diz. Ainda assim, no caso do Brasil, fatores como o equilíbrio das contas externas e o controle da inflação conseguem minimizar o efeito que essa
desconfiança do investidor estrangeiro tem apresentado sobre
os países em desenvolvimento.
Além da balança comercial, o
fluxo de dólares para o país no
mês passado também foi beneficiado pelas chamadas operações
financeiras, que incluem o ingresso de investimentos estrangeiros e
de empréstimos obtidos por empresas brasileiras no mercado internacional. Essas transações responderam pela entrada líquida de
US$ 2,456 bilhões no Brasil.
Segundo Lintz, essas operações
financeiras estão sendo influenciadas pela isenção de Imposto de
Renda, dada a partir de fevereiro,
para estrangeiros que investirem
em títulos públicos brasileiros.
Dados do BC mostram que, ainda
em fevereiro, as aplicações externas em papéis emitidos pelo governo passaram de US$ 1 bilhão.
"Existe um excesso de poupança no mundo que está procurando quem oferecer maior rentabilidade", diz o economista. A maior
rentabilidade, nesses casos, está
nos títulos públicos brasileiros.
Além dos papéis corrigidos pela
taxa Selic -que hoje está em
16,5% ao ano-, existem ainda os
títulos que prometem pagar aos
investidores juros de 8% ao ano
mais a variação do IPCA. Em ambos os casos, os juros são bem
maiores do que os encontrados
em países desenvolvidos.
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