São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2006

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CÂMBIO

Fluxo líquido encosta em US$ 8 bilhões no mês de março, impulsionado por exportação; bancos absorvem boa parte dos recursos

Ingresso de dólares no Brasil é o maior dos últimos 8 anos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ingresso de capital externo no Brasil foi recorde pelo segundo mês seguido em março, conforme o Banco Central. De acordo com os dados, o fluxo líquido de divisas para o país chegou a US$ 7,993 bilhões, valor mais alto já registrado desde março de 1998.
Esse número inclui as operações de entrada e saída de dólares fechadas no mercado de câmbio, considerando, portanto, exportações, importações, pagamentos de dívidas, remessas de lucros e ingressos de investimentos estrangeiros, entre outros itens.
Quase todo esse dinheiro foi parar na carteira dos bancos, que elevaram de R$ 200 milhões para R$ 5,6 bilhões suas posições compradas em câmbio ao longo de março. Um pouco mais de US$ 2 bilhões foi adquirido, no mesmo período, diretamente pelo BC.
A exemplo do que vinha ocorrendo em meses anteriores, o fluxo recorde de divisas registrado em março reflete, em grande parte, as transações de comércio exterior. Ao todo, os dólares trazidos ao Brasil por exportadores superaram em US$ 5,537 bilhões as remessas feitas por importadores no mesmo período.
Para o economista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz, o fluxo de divisas observado em março mostra que, apesar da crise política, o mercado ainda confia nos fundamentos da economia.
"Os investidores estão bastante tranqüilos para enfrentar turbulências", afirma Lintz, numa referência não só à crise política mas também às incertezas observadas no cenário internacional, com o contínuo aumento dos juros promovido por países desenvolvidos -especialmente nos EUA.
"Os emergentes, em geral, enfrentaram certa turbulência nas últimas semanas", diz. Ainda assim, no caso do Brasil, fatores como o equilíbrio das contas externas e o controle da inflação conseguem minimizar o efeito que essa desconfiança do investidor estrangeiro tem apresentado sobre os países em desenvolvimento.
Além da balança comercial, o fluxo de dólares para o país no mês passado também foi beneficiado pelas chamadas operações financeiras, que incluem o ingresso de investimentos estrangeiros e de empréstimos obtidos por empresas brasileiras no mercado internacional. Essas transações responderam pela entrada líquida de US$ 2,456 bilhões no Brasil.
Segundo Lintz, essas operações financeiras estão sendo influenciadas pela isenção de Imposto de Renda, dada a partir de fevereiro, para estrangeiros que investirem em títulos públicos brasileiros. Dados do BC mostram que, ainda em fevereiro, as aplicações externas em papéis emitidos pelo governo passaram de US$ 1 bilhão.
"Existe um excesso de poupança no mundo que está procurando quem oferecer maior rentabilidade", diz o economista. A maior rentabilidade, nesses casos, está nos títulos públicos brasileiros.
Além dos papéis corrigidos pela taxa Selic -que hoje está em 16,5% ao ano-, existem ainda os títulos que prometem pagar aos investidores juros de 8% ao ano mais a variação do IPCA. Em ambos os casos, os juros são bem maiores do que os encontrados em países desenvolvidos.


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