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Retaliação é adiada após proposta dos EUA
Americanos oferecem criar fundo para o setor brasileiro de algodão, suspender subsídios e reconhecer SC como área livre da febre aftosa
Início da sobretaxação de
bens importados dos EUA é
postergado para o dia 22,
enquanto os países acertam
termos finais da negociação
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da apresentação das
primeiras propostas dos EUA
para impedir uma retaliação, o
Brasil decidiu adiar, até o dia
22, o início da sobretaxação de
importados americanos, que
começaria amanhã.
Para convencer o conselho
de ministros da Camex (Câmara de Comércio Exterior) a conceder prazo adicional para a negociação, a vice-representante
de Comércio dos EUA, Miriam
Sapiro, desembarcou no país na
semana passada com três propostas iniciais que, apesar de
não se comprometerem com a
retirada total dos subsídios aos
produtores de algodão, oferecem compensações ao Brasil.
A primeira delas foi a sinalização para a constituição de um
fundo voltado à atividade algodoeira brasileira, com o aporte
de US$ 147,3 milhões anuais.
O fundo, que deverá ser gerido em conjunto com os produtores nacionais, financiará o
desenvolvimento tecnológico
ligado à cultura do algodão, no
combate a pragas e na melhoria
da competitividade. Além disso, parte dos recursos poderá
ser usada em atividades em
conjunto com países africanos
exportadores do produto. "A
ideia é já adotar os instrumentos para formalizar o fundo até
o dia 22", disse Carlos Marcio
Cozendey, diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores.
O segundo passo oferecido
pelos americanos foi a paralisação temporária das garantias
aos exportadores agrícolas que
foram condenadas pela OMC
(Organização Mundial do Comércio). Concedida em condições mais vantajosas que as de
mercado, a oferta desse crédito
foi considerada pela corte arbitral um favorecimento indevido aos produtores americanos.
O comprometimento é a suspensão de US$ 2,8 bilhões dessas garantias que ainda não foram utilizadas em 2010, para
que haja um entendimento
com o Brasil a respeito de critérios mais justos de concessão. A
legislação atual dos EUA obriga
a ofertar anualmente até US$
5,5 bilhões nessa modalidade
de financiamento. "É como se
elas fossem congeladas para serem reofertadas em condições
mais próximas da realidade",
disse a secretária-executiva da
Camex, Lytha Spíndola.
Por último, e classificado pelo Brasil como um "gesto de boa
vontade", os EUA se propuseram a acelerar o reconhecimento de Santa Catarina como
área livre da febre aftosa, facilitando o embarque de carne bovina do Estado àquele país.
Novos passos
Caso os EUA cumpram a proposta no prazo fixado pelo Brasil, a retaliação continuará suspensa por um período de mais
60 dias, durante o qual será negociado novo entendimento
provisório, porém mais completo e que poderia levar a uma
solução definitiva posterior.
Se não houver resultado real
por parte das autoridades americanas, a lista de bens passíveis
de retaliação entrará em vigor.
A medida tem um impacto potencial, em 2010, de US$ 591
milhões, e afeta desde automóveis americanos a joias, maquiagem e alimentos. As 102
mercadorias incluídas na lista
podem ser sobretaxadas em até
100 pontos percentuais.
Apesar da suspensão momentânea da lista de bens, a
elaboração da retaliação cruzada, de até US$ 239 milhões,
continua em marcha. A consulta pública foi encerrada ontem,
mas ainda não há prazo para a
publicação do resultado.
Incidente sobre a propriedade intelectual, essa outra medida poderá suspender e licenciar
patentes de remédios e ainda
desobrigar o pagamento de direitos autorais de obras audiovisuais e literárias dos EUA.
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