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Mesmo com a queda nas cotações da soja, indústria de sementes obtém lucro
FLÁVIA MARCONDES
ENVIADA ESPECIAL À BAHIA
O aumento da produção de
soja no Brasil chegou, neste
ano, acompanhado de preocupação. A supersafra, estimada
pela Companhia Nacional de
Abastecimento em 67,6 milhões de toneladas -18,2%
maior que em 2008/9-, se depara com alta produtividade
também nos países concorrentes, resultando na queda do
preço mundial do grão.
Na contramão do mercado,
o segmento de sementes de soja está crescendo e já contabiliza bons retornos. "Com o preço da saca [de soja comercial]
caindo, a maior parte dos produtores não terá resultado
neste ano, mas nós teremos",
diz Harald Kudiess, sócio da
J&H Sementes, empresa de
Correntina, cidade do oeste
baiano, divisa com Goiás.
A produção da empresa
cresceu 50% no último ano e
deve fechar 2010 em 1,5 milhão de sacas, cerca de R$ 90
milhões de faturamento. São
14,5 mil hectares plantados de
área própria, além do cultivo
em propriedades cooperadas.
Para Kudiess, o problema no
Brasil hoje não é de tecnologia
nem de produtividade. "É o
câmbio, que não dá alegria para ninguém." Com o real forte,
o produto brasileiro perdeu
competitividade no mercado
internacional, afetando diretamente os produtores. Apesar disso, ele não espera redução na procura por sementes e
na produção de soja. "Há muito investimento feito. Nós e
muitos produtores não podemos mudar de cultivo."
Segundo Claudimir Justi,
produtor de soja da mesma região há seis anos, o cultivo da
oleaginosa é atraente devido a
sua maior liquidez. Ele diz que
a resposta dos produtores para a queda dos preços será um
2011 com menos investimentos e, consequentemente, menor produtividade.
"O câmbio reflete no preço e
o produtor brasileiro ainda carece do hábito de trabalhar
com mercado futuro", afirma.
Conforme pesquisa da Folha, a saca de 40 kg de soja no
mercado interno caiu de R$ 42
em 2009 para R$ 31 em abril
deste ano. O custo da produção, porém, não recuou. Segundo produtores do Centro-Oeste e da Bahia, em áreas de
cultivo antigo cada hectare
produz 60 sacas, mas consome
até 50 sacas com os insumos.
Enquanto os produtores do
grão colocam o pé no freio, a
J&H continua investindo. Para responder à demanda, a
empresa recebeu na semana
passada 20 colheitadeiras
New Holland compradas por
R$ 14 milhões, 70% financiados pelo Banco do Nordeste.
O objetivo é elevar de 85%
para 90% a qualidade das sementes debulhadas. A J&H é
licenciada pela Monsanto e
60% de sua produção é de sementes transgênicas.
A jornalista viajou à Bahia a convite da
New Holland.
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