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SALTO NO ESCURO
Queda na renda e tarifa alta freiam expansão em residências
Consumo de energia sobe 7% após fim do apagão
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um ano depois do fim do racionamento, em fevereiro de 2002, o
consumo de energia elétrica aumentou 7,1% em média. Os números constam no relatório de
mercado da Eletrobrás sobre o
consumo de energia entre março
de 2002 e fevereiro deste ano.
O crescimento do consumo residencial foi menor do que a média -5,7% no mesmo período.
Segundo a análise feita pelos técnicos da estatal, o consumo residencial está tendo uma retomada
mais lenta por causa da "elevação
considerável das tarifas em conjunto com a queda do rendimento médio real dos trabalhadores".
Ou seja, o consumo está demorando a voltar aos níveis pré-racionamento na classe residencial
porque a tarifa subiu (os últimos
reajustes tarifários autorizados
pela Aneel ficaram próximos a
30%) e a renda ficou menor.
Em fevereiro deste ano, mesmo
com crescimento de 14,3% no
consumo residencial em relação a
fevereiro do ano passado, o consumo está apenas em um patamar
próximo ao de 1998.
Além dos aspectos econômicos
-tarifa alta e renda baixa-, a
Eletrobrás avalia que as famílias
continuaram a "racionalizar" o
uso da energia elétrica.
O maior crescimento de consumo na classe residencial houve no
Nordeste. O acumulado do ano
(janeiro e fevereiro) já registra alta
de 23,4% em relação ao mesmo
período do ano passado. A análise
indica que isso acontece por causa
do calor, que estimula o uso de ar-condicionado e ventilador.
A retomada lenta do consumo
de energia após o racionamento
está causando o que o governo
chama de "crise de oferta": sobra
de energia que prejudica as geradoras e faz com que essas empresas percam cerca de R$ 5 bilhões.
Indústria e comércio
O crescimento do consumo de
energia está sendo liderado pela
indústria e pelo comércio. Os números da Eletrobrás mostram
que o comércio teve o maior aumento de consumo nos últimos
12 meses (7,3%), e a indústria ficou em segundo lugar (7%).
O crescimento do consumo aconteceu principalmente entre
os fabricantes de bens de consumo duráveis -principalmente
automóveis. Além disso, os setores ligados à exportação também
aumentaram o consumo.
A Eletrobrás, no entanto, detectou que as indústrias estão cada
vez mais gerando a energia que elas mesmas precisam para produzir -autoprodução.
Em fevereiro, por exemplo, o crescimento do consumo de energia da indústria foi de 5,6% em relação a fevereiro de 2002. Pelos cálculos da Eletrobrás, esse aumento seria de 7% caso as indústrias não tivessem optado por
produzir sua própria energia.
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