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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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SALTO NO ESCURO

Queda na renda e tarifa alta freiam expansão em residências

Consumo de energia sobe 7% após fim do apagão

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um ano depois do fim do racionamento, em fevereiro de 2002, o consumo de energia elétrica aumentou 7,1% em média. Os números constam no relatório de mercado da Eletrobrás sobre o consumo de energia entre março de 2002 e fevereiro deste ano.
O crescimento do consumo residencial foi menor do que a média -5,7% no mesmo período. Segundo a análise feita pelos técnicos da estatal, o consumo residencial está tendo uma retomada mais lenta por causa da "elevação considerável das tarifas em conjunto com a queda do rendimento médio real dos trabalhadores".
Ou seja, o consumo está demorando a voltar aos níveis pré-racionamento na classe residencial porque a tarifa subiu (os últimos reajustes tarifários autorizados pela Aneel ficaram próximos a 30%) e a renda ficou menor.
Em fevereiro deste ano, mesmo com crescimento de 14,3% no consumo residencial em relação a fevereiro do ano passado, o consumo está apenas em um patamar próximo ao de 1998.
Além dos aspectos econômicos -tarifa alta e renda baixa-, a Eletrobrás avalia que as famílias continuaram a "racionalizar" o uso da energia elétrica.
O maior crescimento de consumo na classe residencial houve no Nordeste. O acumulado do ano (janeiro e fevereiro) já registra alta de 23,4% em relação ao mesmo período do ano passado. A análise indica que isso acontece por causa do calor, que estimula o uso de ar-condicionado e ventilador.
A retomada lenta do consumo de energia após o racionamento está causando o que o governo chama de "crise de oferta": sobra de energia que prejudica as geradoras e faz com que essas empresas percam cerca de R$ 5 bilhões.

Indústria e comércio
O crescimento do consumo de energia está sendo liderado pela indústria e pelo comércio. Os números da Eletrobrás mostram que o comércio teve o maior aumento de consumo nos últimos 12 meses (7,3%), e a indústria ficou em segundo lugar (7%).
O crescimento do consumo aconteceu principalmente entre os fabricantes de bens de consumo duráveis -principalmente automóveis. Além disso, os setores ligados à exportação também aumentaram o consumo.
A Eletrobrás, no entanto, detectou que as indústrias estão cada vez mais gerando a energia que elas mesmas precisam para produzir -autoprodução.
Em fevereiro, por exemplo, o crescimento do consumo de energia da indústria foi de 5,6% em relação a fevereiro de 2002. Pelos cálculos da Eletrobrás, esse aumento seria de 7% caso as indústrias não tivessem optado por produzir sua própria energia.


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