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Itaú reduz lucro com aperto no crédito
Com a crise econômica, financiamentos contribuíram menos para o resultado do banco no primeiro trimestre de 2009
Mais seletivo, banco prevê que inadimplência chegue ao recorde de 6,9% até meados do ano e que só em setembro quadro mude
DA REPORTAGEM LOCAL
Maior banco brasileiro, o
Itaú Unibanco reportou ontem
queda no lucro no primeiro trimestre do ano, resultado da desaceleração das operações de
crédito, do aumento da inadimplência, da redução na atividade econômica e da atuação
mais difícil em meio às turbulências nos mercados.
O banco teve lucro líquido de
R$ 2,562 bilhões, uma queda de
quase 6% em relação ao mesmo
período do ano passado, quando Itaú e Unibanco ainda operavam separadamente e teriam
lucrado R$ 2,719 bilhões juntos. O resultado exclui efeitos
não recorrentes como a compra de ações da Redecard, efeitos tributários e aumento de
provisões para correção de planos econômicos. Com eles, a
queda seria maior, de 27,62%.
O balanço vai em linha com o
divulgado pelo Bradesco, que
teve lucro de R$ 1,723 bilhão
-9,6% menos do que no primeiro trimestre de 2008.
Como efeito da crise, o Itaú
afirma que diminuiu a demanda dos clientes por novos empréstimos. O banco também
admite que foi "mais seletivo"
na hora de conceder crédito.
O resultado foi um crescimento de apenas 0,3% da carteira total de crédito, em relação ao quarto trimestre de
2008, que somou R$ 272,7 bilhões. No caso do Bradesco,
houve queda de 0,5% na carteira, que ficou em R$ 214,29 bilhões, cifra 0,5%.
A crise também diminuiu a
importância do crédito no resultado dos bancos. Segundo
Silvio de Carvalho, diretor financeiro do Itaú Unibanco, as
operações de crédito costumavam responder por 45% do lucro do banco no ano passado;
no primeiro trimestre de 2009,
os financiamentos contribuíram com 35% do resultado. No
Bradesco, o crédito respondia
por 25% do lucro no ano passado; agora, contribuiu com 15%.
"O crescimento do crédito foi
relativamente baixo. A atividade econômica implicou menor
demanda e também fomos
mais seletivos na concessão",
disse Silvio de Carvalho, diretor financeiro do banco.
Inadimplência
Maior preocupação dos bancos, a inadimplência subiu de
4,8% para 5,6% da carteira de
crédito de dezembro para março. O maior aumento foi das pequenas e médias empresas, que
saltou de 1,7% para 2,5%. No
segmento de pessoa física, saltou de 8,1% para 9,8%.
A expectativa do banco é que
a inadimplência continue subindo e chegue o recorde de
6,9% no início do segundo semestre. O Itaú só vê o recuo na
inadimplência a partir de setembro, com o reaquecimento
da economia. Para o ano, o banco trabalha com crescimento
zero para o PIB.
O lucro do Itaú Unibanco
também foi afetado pelo aumento das provisões para devedores duvidosos. A despesa
com provisões totalizou R$
4,373 bilhões no primeiro trimestre, aumento de 27,5% acima da feita até dezembro. O impacto só não foi maior porque o
banco consumiu R$ 539 milhões em provisões adicionais,
que já tinham sido feitas no fim
do ano passado.
O resultado do Itaú Unibanco também foi reforçado pelos
ganhos da tesouraria, uma das
melhores posicionadas para
trabalhar em períodos de turbulência nos mercados. Nas
operações com o mercado, o
Itaú teve ganho de R$ 1,207 bilhão, 143% mais do que no mesmo período de 2008.
"Tivemos uma presença importante nas poucas operações
do mercado nesse primeiro trimestre. Até por conta da nossa
posição de liquidez, acabamos
tendo ganhos nesse mercado",
disse Carvalho.
Para 2009, o Itaú manteve a
previsão de crescimento de
10% a 15% nas operações de
crédito, sendo de pouco mais
de 17% para os financiamentos
a médias e pequenas empresas.
(TONI SCIARRETTA)
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