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EUA lançam plano para incentivar uso do álcool
Produção e distribuição no país terão US$ 1,9 bi
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
O governo dos Estados Unidos anunciou ontem um ambicioso plano de US$ 1,9 bilhão
(cerca de R$ 4,1 bilhões) com o
objetivo de disseminar a produção e a distribuição do álcool
combustível no país. Não há
nenhuma medida no sentido de
revogar já a taxação sobre o
produto brasileiro exportado
para o mercado americano.
O Departamento de Energia
norte-americano tornará disponíveis US$ 786 milhões do
pacote de estímulo econômico
aprovado pelo Congresso (de
US$ 787 bilhões) para a produção de biocombustíveis.
Já o Departamento de Agricultura vai alocar cerca de US$
1,1 bilhão nos próximos 30 dias
para áreas do setor contempladas na "Farm Bill" (o orçamento do setor agrícola).
Com os preços do barril de
petróleo em baixa no mercado
internacional, os produtores de
álcool nos Estados Unidos, cuja
matriz é o milho, estão atravessando sérias dificuldades nos
últimos meses. Ao menos sete
produtores entraram em processo de concordata nos últimos 12 meses.
Em 2007, o Congresso dos
Estados Unidos aprovou um
requerimento que prevê quadruplicar, até 2022, a adição de
álcool e outros biocombustíveis à gasolina consumida no
país. Se cumprido o objetivo, isso deve significar uma demanda anual de ao menos 136 bilhões de litros de álcool.
Para ter uma ideia do tamanho do mercado americano, o
Brasil consumiu, em 2008, o
total de 105,9 bilhões de litros
de combustíveis, incluindo todas as suas modalidades.
Na ponta do consumo, os
norte-americanos pretendem
adicionar 20% de álcool à gasolina até 2017. O ingresso do etanol brasileiro é difícil nos Estados Unidos devido à sobretaxa
de US$ 0,54 por galão (3,78 litros) que o país impõe sobre o
produto brasileiro.
Hoje, Brasil e Estados Unidos são responsáveis por pouco
mais de 70% do álcool produzido no mundo (no caso norte-americano, de milho; no brasileiro, de cana-de-açúcar).
A chefe da Agência de Proteção Ambiental norte-americana, Lisa Jackson, estima que,
no total (incluindo produção,
transporte etc.), os biocombustíveis respondem por emissões
de carbono até 16% menores do
que os combustíveis baseados
apenas em petróleo. O alvo do
Congresso é atingir percentual
mínimo de 20% nessa relação.
"Temos certeza de que isso
será atingido", diz Robert Dineen, presidente da Associação
de Combustíveis Renováveis
dos Estados Unidos. Ele qualificou como "passo não usual" o
comprometimento do governo
de Barack Obama de destinar
quase US$ 2 bilhões no curto
prazo ao setor.
Para Joel Velasco, representante da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar)
nos EUA, a taxação sobre o álcool brasileiro (prevista até
2010) se tornará incongruente
a partir da nova política.
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