São Paulo, sexta, 6 de junho de 1997.



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SINDICALISMO
Diretoria da entidade quer solucionar problema financeiro com renegociação de dívidas e empréstimos
Reestruturação do Dieese não terá demissão

SÉRGIO LÍRIO
da Reportagem Local

O Dieese, que presta assessoria econômica a sindicatos, descartou ontem a possibilidade de demitir funcionários para resolver seu problema financeiro.
Com um rombo de R$ 630 mil em 96 e previsão de um déficit de R$ 960 mil neste ano, a entidade pretende reformular a cobrança das mensalidades, ampliar seus convênios com sindicatos e órgãos públicos e aumentar o controle sobre suas despesas.
Além disso, a diretoria, reunida há três dias em Atibaia (litoral de São Paulo), decidiu pedir um empréstimo de R$ 250 mil a sindicatos associados para cobrir o caixa no primeiro semestre.
A entidade teve um déficit de R$ 344,4 mil nos primeiros quatro meses deste ano.
"Nós já fizemos um corte no quadro de pessoal em 89 e reduzimos em 20% nossa estrutura. Não faz sentido demitir mais", justifica o presidente, João Carlos Gonçalves, o Juruna. O Dieese possui hoje 203 funcionários.
Juruna afirma também que a diretoria tem convicção de que a crise financeira é temporária e que medidas tomadas para conter o déficit já estão tendo efeito.
No início do ano, o Dieese cortou o pagamento de tíquete-alimentação e vale-transporte para os salários mais altos e passou a fazer um controle rígido sobre outras despesas, como luz e telefone.
A diretoria também já visitou 86 sindicatos em todo o país para negociar o pagamento de mensalidades atrasadas, o maior problema enfrentado hoje pela entidade.
Neste mês, o Dieese conseguiu receber de sindicatos R$ 165 mil em mensalidades vencidas.
Segundo Juruna, a entidade negocia com o governador Mário Covas o ressarcimento de uma dívida de R$ 1,9 milhão do Estado de São Paulo, que pode ser paga no ano que vem.
Alterações
Além do empréstimo e da renegociação das dívidas, a diretoria deve apresentar aos sindicatos, durante assembléia amanhã em São Paulo, uma proposta de alteração na cobrança das mensalidades.
A contribuição de cada sindicato associado seria estabelecida sobre a relação entre o número de trabalhadores da base e a massa salarial de cada categoria.
Atualmente a mensalidade é calculada apenas sobre o número de trabalhadores da base (cerca de R$ 0,84/ano por trabalhador).
"Queremos corrigir distorções e fazer com que os sindicatos nos quais a base pequena, mas os salários são maiores, passem a contribuir mais", disse Juruna.
O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini, acha que o único perigo dessa fórmula é a possibilidade de os sindicatos sonegarem informações sobre a média salarial para pagar uma mensalidade menor.
Para Berzoini, a solução é que a mensalidade seja uma fatia do orçamento de cada um dos sindicatos associados.



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