São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2000


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Confecções torcem para o frio continuar

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os lojistas estão torcendo para que a temperatura continue fria até agosto para conseguirem vender toda a coleção de inverno.
As compras das roupas mais pesadas já começaram: nos primeiros dias deste mês, as vendas cresceram 4% em relação à última semana de maio, informa a Alshop, associação que reúne os lojistas de shoppings. Mas é pouco.
"O consumo está fraco. Não há grande movimentação de compras por causa do frio ou do Dia dos Namorados", diz Nabil Sahyoun, presidente da Alshop.
As confecções informam que venderam para as lojas 150 milhões de peças para o inverno -o mesmo volume do ano passado.
As lojas prevêem vender tudo se o frio continuar intenso até agosto, quando começa a tradicional liquidação de inverno.
"Só uma semana de frio não ajuda as vendas. O consumidor está bem mais cauteloso na hora de gastar", afirma Álvaro Maluf Jr., sócio-diretor da Colombo Moda Masculina, com 50 lojas.
Segundo ele, a coleção de inverno da rede é do mesmo tamanho da do ano passado, de 50 mil peças. Os preços, diz, são iguais aos de 99. As promoções é que se intensificaram neste ano, afirma.
Até a metade deste mês, quem comprar um terno de R$ 140 na Colombo leva um segundo, por R$ 99. "Isso é para estimular o consumo."
A Camelo, especializada em roupas masculinas, também vai anunciar uma promoção nos próximos dias. A empresa aumentou entre 8% e 10% a produção de roupas para o inverno. Se não vender tudo o que comprou enquanto a temperatura estiver mais fria, pode até antecipar a liquidação.
Adriana Camello, diretora da confecção, informa que os preços das roupas subiram de 3% a 5%, porque a empresa decidiu trabalhar com tecidos mais nobres.
Nos últimos 12 meses, segundo a Fipe, os preços do vestuário subiram 2,11%. A inflação no período foi de 6,63%. "Nosso setor não pressionou a inflação", diz Roberto Chadad, presidente da Abravest, que reúne as confecções.
Segundo ele, as lojas estão dando até mais prazo de pagamento para o consumidor para vender mais. No ano passado, diz, o parcelamento era de até três meses. Neste ano chega a cinco meses.
A temperatura mais fria, segundo Marcelo Doll, diretor da C&A, provoca apenas o deslocamento das vendas. "Até agora não se vendeu a coleção de inverno, que atrasou neste ano."
A C&A, diz ele, comprou para este inverno o mesmo volume de mercadorias do ano passado.
"A inadimplência continua elevada, os juros dos bancos não caíram e as taxas do cartão de crédito são muito altas. Não há razão, portanto, para esperar por um consumo maior."
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou entre os dias 1º e 4 deste mês quedas de 17,1% nas consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e de 0,8% nas consultas ao Telecheque em relação a igual período de 99.



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