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LAVANDERIA
Receita Federal revela que entre 92 e 98 foram enviados irregularmente US$ 2 bi por meio das contas CC-5
Remessas ao exterior sonegam R$ 724 mi
BEATRIZ PORTUGAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O país perdeu R$ 724 milhões em sonegação de impostos, entre
1992 e 1998, devido a remessas irregulares de US$ 2 bilhões feitas
por meio das contas CC-5 (contas de não-residentes abertas em
bancos no Brasil), segundo revelou a Receita Federal ontem. As
remessas foram feitas em Foz do
Iguaçu (PR).
Os dados foram divulgados ontem pelo coordenador-geral de
Fiscalização da Secretaria da Receita Federal, Paulo Ricardo de
Souza, e pelo procurador da República no Distrito Federal Celso
Três. A perda que o país sofreu
com as operações inclui as multas
e os juros.
Na operação conjunta da Receita com o Ministério Público foram identificadas todas as remessas feitas por contas CC-5 (Carta
Circular 5) de 1992 a 1998. Neste
período foi enviado ao exterior
US$ 124 bilhões.
As CC-5 são contas correntes de
residentes no exterior abertas em
bancos no Brasil, que permitem
que recursos sejam enviados legalmente para o exterior. Por essas contas, os reais recebidos no
Brasil são convertidos em moeda
estrangeira e podem ser enviados
ao exterior, e a moeda estrangeira
que entra no país é convertida em
reais.
Dos US$ 124 bilhões identificados, US$ 10 bilhões foram remessas feitas de Foz do Iguaçu, e deste
total, a Receita analisou US$ 5,4
bilhões. A análise envolveu
129.086 operações de remessas de
2.787 pessoas, sendo que 90%
eram pessoas físicas, e a grande
parte (90%) atuavam em nome de
outras pessoas.
Cardoso disse que, da análise
dos US$ 5,4 bilhões, US$ 2,007 bilhões foram rastreados ao titular
dos recursos, e que a origem do
dinheiro era "claramente" proveniente de lavagem de dinheiro em
operações de corrupção, sonegação fiscal, narcotráfico e contrabando.
A Receita Federal ainda não tem
previsão de quando vai conseguir
arrecadar os R$ 724 milhões.
O procurador Celso Três disse
que as investigações resultaram
das suspeitas levantadas pela CPI
dos Precatórios em 1997, e que
não foi possível investigar mais
porque o Banco Central não mandou à Receita os dados sobre as
remessas. "O controle do BC é
simplório e passivo", afirmou
Três.
Ele disse também que em julho o Ministério Público deve entrar na Justiça Federal para conseguir que o BC seja forçado a entregar uma lista de todos os processos relativos ao sistema financeiro que não foram enviados ao MP. A
lista seria então repassado para todos os procuradores de Justiça,
que passariam a requisitar os processos antes que eles fossem finalizados.
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