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COMÉRCIO EXTERIOR
Para subsecretário do Tesouro, receita é abertura comercial
EUA dizem que Brasil precisa crescer
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
A principal missão do Brasil e de
seus vizinhos agora é conseguir
crescimento econômico, disse ontem o subsecretário do Tesouro
americano John Taylor.
Após repetir isso diversas vezes,
ele deu sua receita para alcançar
tal objetivo: abrir o comércio.
"A região ainda não tem um
crescimento sustentado, é preciso
encontrar um jeito. A América
Latina deveria crescer mais rápido do que os EUA, e está crescendo mais devagar. Um pequeno
crescimento faz uma diferença
enorme na vida das pessoas. Essa
é a maneira de reduzir a pobreza,
o presidente Lula tem enfatizado
isso", afirmou Taylor, que é o responsável pela área internacional
do Tesouro americano.
A seguir, emendou: "Isso nos dá
uma oportunidade para discutir
de maneira bilateral a necessidade
de crescimento. O Brasil precisa
crescer de maneira sustentada. É
o que se está tentando fazer, as
coisas a trabalhar são comércio,
legislação, impostos".
Ele disse que, ao voltar do Brasil,
em abril, seu chefe, John Snow,
contou-lhe que a viagem fora toda
sobre comércio. "Algo muito positivo", afirmou Taylor.
O subsecretário americano chegou a falar que há certa "eletricidade" no ar para levar adiante as
negociações sobre a Alca, a área
de livre comércio que abrangeria
todo o continente -em sua opinião, é possível chegar a consenso
no prazo estipulado, que é 2005.
"Acordos de livre comércio são
uma boa maneira para complementar boas políticas econômicas", afirmou Taylor, apontando
melhoras nos fundamentos dos
países latino-americanos.
No caso específico do Brasil, o
subsecretário refutou a hipótese
de que baixar os juros sejam a
questão mais imediata para empurrar a economia do país. "As taxas de juros são apenas um fator
no crescimento. Do ponto de vista
dos negócios, mais importante é a
taxa real de juros."
Em vez disso, Taylor destacou
que facilitar atividades da iniciativa privada é tarefa primordial para o crescimento. "O que pode ser
feito para diminuir o tempo de
abertura de negócios? Por que
tem que demorar menos no Canadá do que no Brasil?", disse.
O subsecretário deu as declarações pela manhã, em evento sobre
perspectivas para a América Latina, promovido no Conselho das
Américas, em Nova York.
Três horas depois, a 14 quadras
dali, a tal "eletricidade" se desmanchou no ar.
Mesmo se dizendo esperançoso
de que o encontro entre os presidentes Lula e George W. Bush
neste mês vá melhorar a situação,
o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou a uma platéia tomada por empresários que as negociações da região com a Europa
estão andando muito mais rápido
do que com os Estados Unidos.
Diante da diferença de tom entre o oficial americano e brasileiro, Susan Purcell, vice-presidente
do Conselho das américas, pediu
para Furlan explicar melhor o que
estava dizendo -após mediar o
evento pela manhã com Taylor,
ela também correra para ouvir o
discurso do brasileiro.
"Os Estados Unidos apresentaram três propostas. O Mercosul
foi classificado como de terceira
classe. Isso foi muito desapontador para nós", respondeu o ministro do Desenvolvimento.
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