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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO

Empresas querem redução de exigências a cumprir para tarifa subir menos do que contrato

Tele reduzirá reajuste se meta "afrouxar"

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

As principais empresas de telefonia fixa do país devem aceitar receber reajuste menor para as tarifas do que o previsto em contrato, desde que o governo ofereça como contrapartida uma redução nas metas de universalização dos serviços. O acordo terá que ser fechado nos próximos dias porque o índice de reajuste das tarifas precisa ser anunciado neste mês para entrar em vigor em julho.
O novo presidente da Abrafix (Associação Brasileira de Telefonia Fixa), Carlos de Paiva Lopes, disse ontem que ""há espaço para a negociação do índice (de reajuste)". ""As empresas estão dispostas a não abrir mão do índice. Mas, se não se aplicar o reajuste total, que se negociem contrapartidas, desde que as duas partes estejam de acordo", disse Lopes.
Os contratos em vigor, assinados em 1998, prevêem que o reajuste anual da tarifas tomará por base a variação do IGP-DI nos 12 meses imediatamente anteriores. Acontece que esse índice deverá ficar em 32%, uma vez que é um indicador altamente ""contaminado" pela variação do dólar -ou seja, vai refletir a pressão sobre custos da enorme desvalorização do real ocorrida em 2002. A intenção do governo é evitar o repasse integral do IGP-DI para as tarifas, a fim de amenizar o impacto do sobre a inflação. Ou mesmo promover o reajuste de forma parcelada. ""Há espaço para negociar, mas não podemos alterar o equilíbrio financeiro das empresas", disse o presidente da Abrafix, que representa Brasil Telecom, Telefônica e Telemar, três das principais operadoras de telefonia fixa.
Entre as metas que as empresas pretendem ver flexibilizadas -em troca de um reajuste menor- estaria a determinação para fazer reparos em prazo de até 12 horas e a do número de telefones públicos que são obrigadas a instalar em diferentes localidades, a partir da população. Segundo a Abrafix, na negociação dos índices de reajuste, o governo terá que considerar que dois terços dos terminais (linhas) em operação não são rentáveis. "É um custo que as empresas têm e não está diretamente relacionado com a alta do dólar", argumentou Lopes.
Anteontem, depois de reunião com representantes das empresas, o governo anunciou que vai desindexar (deixar de atrelar o percentual de reajuste à inflação passada) as tarifas do setor. Mas essa medida valerá apenas na renovação dos contratos, que terão validade de 2006 a 2026.
Pelo acordo, anunciado pelo governo, os reajustes, a partir de 2006, tomariam como base os investimentos, metas e outras variáveis de uma empresa modelo, a ser montada por Anatel e Ministério das Comunicações. De sua parte, a direção da Abrafix negou o estabelecimento dessa empresa modelo como definidora dos tetos para os reajustes. ""Não vai ser empresa modelo. E também não será IGP-DI (o indicador de reajuste). O que teremos serão regras claras", afirmou Lopes.


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