São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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Mercados estão suscetíveis, diz Mantega

Ministro da Fazenda diz que as declarações de presidente do Fed que mexeram com Bolsas não foram preocupantes

Segundo ele, emergentes estão em situação mais sólida que os desenvolvidos; Meirelles também vê momento "favorável"

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

Depois de mais um dia de turbulência na economia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou à Folha que considera exagerado o temor de uma nova crise internacional. Segundo ele, os mercados estão suscetíveis demais. "Essa alta suscetibilidade faz com que qualquer palavrinha provoque uma queda das Bolsas."
A turbulência do mercado ontem foi provocada por declarações do presidente do Fed (o Banco Central americano), Ben Bernanke, demonstrando preocupação com a inflação.
Mantega afirmou que leu as declarações de Bernanke, mas não achou que fosse o caso de maior preocupação. "Bernanke não falou nada que já não tivesse falado antes", disse.
Por isso, Mantega acha que os mercados estão muito suscetíveis. Para ele, essa é uma característica dos mercados mais globalizados e com alta liquidez, que aumentaram a exposição ao risco. "O pessoal se aventura, mas ao mesmo tempo fica com receio de alguma mudança de posição", diz.
Mantega considera exagerado esse temor, principalmente em relação aos emergentes, que "estão numa situação mais sólida do que no passado". Até pouco tempo atrás, segundo Mantega, os países emergentes tinham déficit em conta corrente e dívidas externas impagáveis, e hoje isso não existe mais. De acordo com ele, os países emergentes hoje estão em situação de equilíbrio fiscal, acumularam reservas e estão com superávit em conta corrente. "Os países emergentes estão mais sólidos do que os países desenvolvidos", disse.
O ministro acrescentou que Bernanke deu informações até positivas, como as de que o mercado imobiliário estava começando a desinchar e o crescimento do PIB dos Estados Unidos seria menor neste ano.
Mantega não crê também que o Fed irá promover alta significativa dos juros para forçar uma desaceleração mais forte nos EUA. A seu ver, Bernanke manterá a linha gradualista do seu antecessor, Alan Greenspan. Mantega aposta numa alta dos juros básicos da economia americana em 0,25 ponto percentual ou no máximo 0,5 ponto percentual.
Já o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, em seminário no Rio, ressaltou o momento "favorável" pelo qual passa a economia do país, menos suscetível às crises externas e com um perfil de crescimento sustentado não só pelo setor externo mas também pela demanda interna. Tudo isso, disse, com inflação dentro da meta.
"O Brasil tem condições de enfrentar mudanças de humor no mercado internacional sem entrar em crise", disse Meirelles. E, se elas vierem, serão menos intensas: "Muitas vezes [no passado] o mercado internacional pegava uma gripe, e o Brasil pegava uma pneumonia. Agora, o mercado internacional pode pegar uma gripe e o Brasil pega também uma gripe, de preferência uma gripe menos intensa", afirmou.
Meirelles ressaltou ainda a mudança de perfil do crescimento econômico, que passou a ser "ancorado" na demanda interna, sem gerar pressão inflacionária.


Colaborou a Sucursal do Rio


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