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Mercados estão suscetíveis, diz Mantega
Ministro da Fazenda diz que as declarações de presidente do Fed que mexeram com Bolsas não foram preocupantes
Segundo ele, emergentes estão em situação mais sólida que os desenvolvidos; Meirelles também vê momento "favorável"
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Depois de mais um dia de
turbulência na economia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou à Folha que considera exagerado o temor de
uma nova crise internacional.
Segundo ele, os mercados estão
suscetíveis demais. "Essa alta
suscetibilidade faz com que
qualquer palavrinha provoque
uma queda das Bolsas."
A turbulência do mercado
ontem foi provocada por declarações do presidente do Fed (o
Banco Central americano),
Ben Bernanke, demonstrando
preocupação com a inflação.
Mantega afirmou que leu as
declarações de Bernanke, mas
não achou que fosse o caso de
maior preocupação. "Bernanke
não falou nada que já não tivesse falado antes", disse.
Por isso, Mantega acha que
os mercados estão muito suscetíveis. Para ele, essa é uma
característica dos mercados
mais globalizados e com alta liquidez, que aumentaram a exposição ao risco. "O pessoal se
aventura, mas ao mesmo tempo fica com receio de alguma
mudança de posição", diz.
Mantega considera exagerado esse temor, principalmente
em relação aos emergentes,
que "estão numa situação mais
sólida do que no passado". Até
pouco tempo atrás, segundo
Mantega, os países emergentes
tinham déficit em conta corrente e dívidas externas impagáveis, e hoje isso não existe
mais. De acordo com ele, os
países emergentes hoje estão
em situação de equilíbrio fiscal,
acumularam reservas e estão
com superávit em conta corrente. "Os países emergentes
estão mais sólidos do que os
países desenvolvidos", disse.
O ministro acrescentou que
Bernanke deu informações até
positivas, como as de que o
mercado imobiliário estava começando a desinchar e o crescimento do PIB dos Estados
Unidos seria menor neste ano.
Mantega não crê também
que o Fed irá promover alta
significativa dos juros para forçar uma desaceleração mais
forte nos EUA. A seu ver, Bernanke manterá a linha gradualista do seu antecessor, Alan
Greenspan. Mantega aposta
numa alta dos juros básicos da
economia americana em 0,25
ponto percentual ou no máximo 0,5 ponto percentual.
Já o presidente do Banco
Central brasileiro, Henrique
Meirelles, em seminário no
Rio, ressaltou o momento "favorável" pelo qual passa a economia do país, menos suscetível às crises externas e com um
perfil de crescimento sustentado não só pelo setor externo
mas também pela demanda interna. Tudo isso, disse, com inflação dentro da meta.
"O Brasil tem condições de
enfrentar mudanças de humor
no mercado internacional sem
entrar em crise", disse Meirelles. E, se elas vierem, serão
menos intensas: "Muitas vezes
[no passado] o mercado internacional pegava uma gripe, e o
Brasil pegava uma pneumonia.
Agora, o mercado internacional pode pegar uma gripe e o
Brasil pega também uma gripe,
de preferência uma gripe menos intensa", afirmou.
Meirelles ressaltou ainda a
mudança de perfil do crescimento econômico, que passou
a ser "ancorado" na demanda
interna, sem gerar pressão inflacionária.
Colaborou a Sucursal do Rio
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