São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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Ameaça do Irã e declaração de Bernanke provocam turbulências, e Bolsas caem

DA REPORTAGEM LOCAL

O discurso do presidente do Fed (banco central dos EUA), Ben Bernanke, e a ameaça de corte das exportações iranianas de petróleo estremeceram os mercados financeiros ontem.
No caso das declarações do presidente do Fed, o impacto imediato foi sentido nas principais Bolsas do mundo. O clima de turbulência atingiu também a Bovespa, que fechou em baixa de 3,17%.
Nos EUA, a Nasdaq encerrou ontem com queda de 2,24%. O mesmo movimento houve no Dow Jones, que caiu 1,77%. Na França, a CAC fechou com queda de 0,88% e a Bolsa alemã registrou recuo de 1,16%.
O motivo do abalo foi a preocupação expressa por Bernanke com os rumos da inflação nos EUA. "O núcleo da inflação nos últimos três a seis meses atingiu um nível que, se for mantido, ficará acima ou no teto do patamar que muitos economistas, entre os quais me incluo, consideram compatível com a estabilidade de preços e com a promoção do crescimento a longo prazo", disse ontem em evento em Washington.
O presidente do Fed afirmou que o comportamento da inflação vai ser alvo de "escrutínio". A análise desse componente, argumentou, será um fator crucial na nova decisão sobre o patamar da taxa de juros, que será decidido ao final deste mês.
Essa preocupação com pressões inflacionárias enviou para o mercado a mensagem de que a política monetária deve endurecer. A expectativa de boa parte dos analistas é que a taxa básica americana passe de 5% para 5,25% ao ano na próxima reunião do Fed, em 29 deste mês. Se for confirmada essa projeção, será o 17º aumento consecutivo nos juros desde junho de 2004.
"[O discurso de Bernanke] não apenas elimina as esperanças de pausa como também coloca novas altas nas taxas de juros na mesa em todo o resto do ano", diz Barry Hyman, estrategista da corretora Ehrenkrantz King Nussbaum.

Impacto do petróleo
O governo do Irã ameaçou ontem interromper as exportações de petróleo para os EUA por causa das pressões dos americanos para interromper o programa nuclear iraniano.
Essa intimidação fez a cotação do barril de petróleo chegar a US$ 72,60 ontem, com alta de 0,37%. Sobre a possível expansão dos custos com energia, Bernanke disse que, apesar das recentes altas nas cotações do petróleo, os preços do mercado futuro indicam queda.
Mas, no mesmo discurso, Bernanke mostrou sua preocupação com aumentos desses preços a médio prazo.
"A volatilidade dessas cotações e de outras commodities é tanta que é possível que, no futuro, eventuais aumentos nesses preços se mantenham como um risco para o prognóstico da inflação".
Essas análises contraditórias proferidas pelo presidente do Fed são um dos principais motivos de crítica por parte de alguns economistas. Eles avaliam que isso envia sinais confusos para o mercado.


Com agências internacionais


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