São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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Recompra de dívida derruba risco e dólar

Com anúncio de que Tesouro irá recomprar títulos da dívida externa, risco-país chega ao fim do dia em queda de 4,7%

Estrangeiro tirou R$ 1,5 bi da Bolsa no mês passado; piora do cenário externo afugentou os investidores do mercado de ações local

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O anúncio do Tesouro Nacional de que recomprará títulos da dívida brasileira no exterior ajudou a derrubar o risco-país e o dólar ontem. O Tesouro vai retirar do mercado internacional cerca de US$ 4 bilhões em papéis da dívida que vencem até 2030 (leia texto ao lado).
A decisão atraiu novos compradores para os títulos da dívida brasileira no exterior, que têm registrado queda nas últimas semanas. O Global 40, um dos mais negociados desses papéis, teve valorização de 1%.
Com isso, o risco-país chegou ao fim do dia em baixa de 4,7%, a 262 pontos. O risco é calculado a partir da oscilação dos preços de uma cesta de títulos da dívida do país.
O dólar acompanhou a queda do risco e fechou em baixa de 1,19%, vendido a R$ 2,251.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo não conseguiu escapar do mau dia que afetou o mercado global e terminou o seu pregão com perdas de 3,17%.
As declarações do presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, sobre a inflação naquele país somadas à alta do petróleo derrubaram o mercado acionário nas principais praças financeiras.

Estrangeiros em fuga
A perda de recursos externos na Bovespa -que começou a acontecer depois do último dia 10, quando o mercado global entrou em um período de maior volatilidade- foi bastante expressiva em maio.
As vendas de ações feitas pelos estrangeiros superaram as compras no mês passado em R$ 1,51 bilhão. Com isso, a saída de capital externo da Bolsa no mês foi a mais forte desde abril de 2005. No ano, porém, o saldo ainda está positivo, em R$ 1,71 bilhão.
O balanço negativo dos negócios dos estrangeiros ajuda a explicar o motivo de a Bovespa ter sofrido pesada desvalorização de 9,50% no mês passado.
Nos dez primeiros dias de maio, o saldo dos negócios estrangeiros na Bolsa paulista ainda era positivo, em mais de R$ 1 bilhão.
Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros, diz que a saída de um grande fundo pesou no resultado do balanço dos estrangeiros no mês.
Os estrangeiros venderam R$ 27,08 bilhões em ações na Bovespa no mês passado. Em abril, quando o mercado internacional estava mais tranqüilo, as vendas totalizaram R$ 15,52 bilhões. Os estrangeiros foram responsáveis por 40,7% dos negócios totais feitos na Bolsa paulista em maio -contra 35,6% no mês anterior.
"O cenário de curto prazo para o mercado financeiro segue ruim", avalia Monteiro.
Nas últimas semanas, incertezas em relação ao futuro das taxas de juros norte-americanas -além de preocupações em relação a quanto está aquecida a economia do país- fizeram com que grandes investidores internacionais se desfizessem de ativos de maior risco e procurassem títulos da dívida do Tesouro dos EUA, mais seguros. As Bolsas de Valores e os papéis de emergentes (como o Brasil) são os que mais têm perdido com o cenário atual.


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