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Recompra de dívida derruba risco e dólar
Com anúncio de que Tesouro irá recomprar títulos da dívida externa, risco-país chega ao fim do dia em queda de 4,7%
Estrangeiro tirou R$ 1,5 bi
da Bolsa no mês passado;
piora do cenário externo
afugentou os investidores
do mercado de ações local
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O anúncio do Tesouro Nacional de que recomprará títulos
da dívida brasileira no exterior
ajudou a derrubar o risco-país e
o dólar ontem. O Tesouro vai
retirar do mercado internacional cerca de US$ 4 bilhões em
papéis da dívida que vencem
até 2030 (leia texto ao lado).
A decisão atraiu novos compradores para os títulos da dívida brasileira no exterior, que
têm registrado queda nas últimas semanas. O Global 40, um
dos mais negociados desses papéis, teve valorização de 1%.
Com isso, o risco-país chegou
ao fim do dia em baixa de 4,7%,
a 262 pontos. O risco é calculado a partir da oscilação dos preços de uma cesta de títulos da
dívida do país.
O dólar acompanhou a queda
do risco e fechou em baixa de
1,19%, vendido a R$ 2,251.
Já a Bolsa de Valores de São
Paulo não conseguiu escapar
do mau dia que afetou o mercado global e terminou o seu pregão com perdas de 3,17%.
As declarações do presidente
do Fed (o banco central dos
EUA), Ben Bernanke, sobre a
inflação naquele país somadas
à alta do petróleo derrubaram o
mercado acionário nas principais praças financeiras.
Estrangeiros em fuga
A perda de recursos externos
na Bovespa -que começou a
acontecer depois do último dia
10, quando o mercado global
entrou em um período de
maior volatilidade- foi bastante expressiva em maio.
As vendas de ações feitas pelos estrangeiros superaram as
compras no mês passado em
R$ 1,51 bilhão. Com isso, a saída
de capital externo da Bolsa no
mês foi a mais forte desde abril
de 2005. No ano, porém, o saldo
ainda está positivo, em R$ 1,71
bilhão.
O balanço negativo dos negócios dos estrangeiros ajuda a
explicar o motivo de a Bovespa
ter sofrido pesada desvalorização de 9,50% no mês passado.
Nos dez primeiros dias de
maio, o saldo dos negócios estrangeiros na Bolsa paulista
ainda era positivo, em mais de
R$ 1 bilhão.
Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros, diz que a
saída de um grande fundo pesou no resultado do balanço
dos estrangeiros no mês.
Os estrangeiros venderam
R$ 27,08 bilhões em ações na
Bovespa no mês passado. Em
abril, quando o mercado internacional estava mais tranqüilo,
as vendas totalizaram R$ 15,52
bilhões. Os estrangeiros foram
responsáveis por 40,7% dos negócios totais feitos na Bolsa
paulista em maio -contra
35,6% no mês anterior.
"O cenário de curto prazo para o mercado financeiro segue
ruim", avalia Monteiro.
Nas últimas semanas, incertezas em relação ao futuro das
taxas de juros norte-americanas -além de preocupações em
relação a quanto está aquecida
a economia do país- fizeram
com que grandes investidores
internacionais se desfizessem
de ativos de maior risco e procurassem títulos da dívida do
Tesouro dos EUA, mais seguros. As Bolsas de Valores e os
papéis de emergentes (como o
Brasil) são os que mais têm perdido com o cenário atual.
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