São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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Supermercados demitem mais de 1.700

Maior parte dos cortes vem ocorrendo no grupo Pão de Açúcar, que se reestrutura e adota um modelo mais "enxuto'

Queda nas vendas de alimentos afeta o desempenho das grandes redes; setor encolheu 2,5% até abril, diz associação

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

De janeiro a maio, o grupo Pão de Açúcar, a maior rede varejista do país, demitiu 1.064 pessoas com mais de um ano de trabalho na companhia só na cidade de São Paulo. Apenas de janeiro a março, em todo o Brasil, foram quase 1.500 pessoas -o que equivale, por exemplo, ao quadro de funcionários de mais de três lojas da bandeira de hipermercados Extra.
O corte de pessoal de janeiro a maio deve ser superior a esse número de 1.064 pessoas porque mais demissões podem ter ocorrido fora da capital, informa o Secsp (Sindicato dos Comerciários de São Paulo).
Num momento de vendas reais (com o mesmo número de lojas) em queda, a rede confirma os cortes como um resultado de um processo de enxugamento da estrutura atual.
O grupo tinha 62.803 empregados em de 31 de dezembro de 2005. Ao final de março, o total já havia caído para 61.344 pessoas, segundo balanço financeiro da rede. Logo, no primeiro trimestre foram dispensados 1.459 funcionários no Brasil. Esse número difere do apresentado pelo sindicato porque, além de ser nacional, nele está incluído o total de empregados que foram dispensados com menos de 12 meses de casa. O sindicato só contabiliza homologação de trabalhadores com mais de um ano de trabalho.
Nos cinco primeiros meses de 2006, incluindo no saldo as demissões de Wal-Mart e Carrefour, as grandes cadeias de supermercados demitiram 1.694 trabalhadores até maio na capital -sendo 1.064 só no grupo Pão de Açúcar.
Nessa conta, também não estão incluídas eventuais demissões que o Wal-Mart pode ter feito no Sul do país em 2006, após a aquisição da rede Sonae, em dezembro de 2005.
O Carrefour, também em reformulação de lojas neste ano, fechou 26 pontos da bandeira Champion em março nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal. Na época, a empresa não havia informado se os 2.000 funcionários das lojas seriam reaproveitados. Outras 34 lojas da empresa já se transformaram, nos últimos dois meses, na bandeira "Carrefour Bairro".
Como é um setor que demanda um volume elevado de mão-de-obra, o número de demitidos pelas cadeias representa pouco do total. Pelas contas do sindicato, de 1% a 2% da mão-de-obra formal. No Pão de Açúcar os mais de mil empregados dispensados representam 1,7% da força de trabalho do grupo em 31 de dezembro.
O volume de demitidos na capital equivale, por exemplo, ao fechamento de mais de duas lojas (com 80 mil itens) da rede do grupo chamada Extra. Cada uma emprega ate 400 pessoas.
"São as grandes cadeias que têm sido mais afetadas pelo encolhimento do varejo de alimentos. Lojas têm sido fechadas, departamentos estão encolhendo", diz Ricardo Patah, presidente do sindicato.
No primeiro quadrimestre, o setor encolheu 2,5%, segundo dados de vendas reais da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).


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