LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O presidente da Comissão Permanente de Representantes do Mercosul, o ex-vice-presidente da Argentina Chacho Alvarez, criticou a ""tentação bilateralista" demonstrada por Brasil e Argentina. Isso, segundo ele, prejudica a institucionalidade do Mercosul e enfraquece o bloco como agente de comércio internacional.
""É importante evitar a tentação bilateralista, porque isso gera muitos danos e dá um mau sinal aos outros sócios do bloco (Paraguai e Uruguai), os menores, porque se sentem como sócios de segunda ordem", afirmou.
""Temos de trabalhar mais a complementação produtiva e a interação energética. Não podemos fazer bilateralismo entre Argentina e Brasil, ou trilateralismo no tema energético. Não vejo bem uma reunião entre os três países [Brasil, Argentina e Venezuela] para tratar de temas da interação energética da região e a essa reunião não concorrerem os presidentes do Uruguai e do Paraguai."
Segundo Alvarez, é preciso que seja gerada mais institucionalidade no bloco comum sul-americano. "A política energética é do interesse de todos e, quando se fazem reuniões para tratar desse assunto, todos devem estar presentes", avaliou o ex-vice-presidente argentino.
Alvares afirmou também não acreditar que Uruguai e Paraguai estejam realmente pretendendo estabelecer zonas de comércio livre com os Estados Unidos, mas, sim, apenas buscando alternativas para se desenvolver, o que, segundo ele, é legítimo.
""O que o presidente [Tabaré] Vázquez [do Uruguai] quer é mais e melhor Mercosul. É o que todos queremos", disse.
Alvarez afirmou acreditar, ainda, que para haver um acordo comercial do Mercosul com a União Européia ""é necessário que a Europa permita mais comércio ao Mercosul, que baixe os subsídios e tarifas e que possibilite que os produtos da região tenham inserção no mercado europeu". Ele esteve em Porto Alegre na última sexta-feira, onde participou da conferência ""União Européia e América do Sul: processos de integração".


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