São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Pai da internet" prevê rede interplanetária até 2010
Em visita ao Brasil, Vinton Cerf fala sobre os problemas da rede e seu futuro
RODOLFO LUCENA INTERNET INTERPLANETÁRIA - Desde 1998, estou trabalhando nesse projeto no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos), e nós estamos no caminho de nos tornarmos capazes de juntar os planetas do Sistema Solar com a internet terrestre para formar sistema interplanetário. Muita gente pergunta por que fazer isso em vez de focalizar em problemas terrestres. A resposta é: a ciência quer saber de onde viemos, se há vida em outros planetas, o que vai acontecer no Sistema Solar. E para isso nós precisamos de dados. A internet interplanetária é simplesmente um projeto para padronizar os protocolos utilizados na comunicação espacial. Nós já vimos o valor de padronizar protocolos aqui na Terra: a internet não funcionaria se não tivéssemos os padrões TCP-IP (sistema que baseia a comunicação na internet). O resultado da padronização é que, quando você entra na internet, imediatamente está compatível com 400 milhões de outras máquinas. Nós gostaríamos que isso também acontecesse no espaço. Nós queremos que todo e qualquer veículo espacial seja capaz de usar outro veículo como uma estação de retransmissão, assim formando uma estrutura de telecomunicação. Até 2010, nós deveremos ter um sistema de monitoramento funcionando. O sistema de reconhecimento que orbita em torno de Marte já leva alguns dos protocolos interplanetários. Isso continuará tendo atualizações até o final desta década. ECONOMIA DA INTERNET - O armazenamento digital é tão barato, comparado ao armazenamento físico, que você pode arquivar 1 milhão de músicas praticamente sem custo e distribuí-las também por quase nada. A economia do armazenamento e da distribuição de dados na internet vai interferir em uma série de indústrias que no passado usaram distribuição física. Elas terão de se adaptar. A indústria do cinema inicialmente ficou apavorada com a rede de troca de arquivos BitTorrent [que seria canal para pirataria], até que alguém pensou em usá-la como forma de distribuição, usando alguma forma de encriptação para proteger os vídeos. PRIVACIDADE - O Google está muito preocupado com a privacidade dos internautas. Já tomamos várias medidas para tentar proteger o que podemos. Às vezes, organismos governamentais dizem que precisam informações sobre alguém que está fazendo algo errado ou planeja fazer algo errado. Como qualquer outro serviço, o Google atende a solicitações fundamentadas, mas, se as questões forem sobre informações a respeito de pessoas usando o serviços de buscas do Google, nós não consideramos que isso tenha base legal e não aceitamos. Qual o direito que têm os governos de requisitar informações de provedores de serviços que não estão sob a sua jurisdição? O Google e qualquer outro serviço resistiriam a algo assim, a não ser que fossem forçados por mecanismos legais. Nós não vamos quebrar a lei. Se formos forçados pela lei a prover informações, nós o faremos. Mas vamos resistir quando acharmos que é inapropriado. SOBRE O BRASIL - O Google está
muito entusiasmado com o que
acontece no Brasil. O Orkut está disponível no mundo todo,
mas é muito popular aqui, a
maior atividade é aqui. Também estamos interessados no
potencial de termos na internet
mais informação em idiomas
latino-americanos. Mas é preciso melhorar as condições de
infra-estrutura para termos
mais usuários na região. |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |