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Governo eleva tarifa sobre aço importado
Alíquota dos produtos taxados sobe de zero para até 14%, em medida que deverá enfrentar protestos internacionais
Planalto atendeu pedido do setor, que reclama de efeitos da crise nas vendas; alta do insumo pode gerar reajuste de produtos como veículos
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A pressão do setor siderúrgico fez o governo aumentar o
imposto de importação sobre
sete produtos de aço. As novas
alíquotas, que já estão em vigor,
sobem de zero para 12% e 14%.
Isso significa que os compradores de aço -como a indústria
automobilística e de eletrodomésticos- pagarão mais e podem, em tese, repassar esse
custo para os seus produtos
vendidos no país.
A medida protegerá a indústria nacional da concorrência,
principalmente com o aço chinês, e vai na contramão dos vários discursos feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
em fóruns internacionais criticando o protecionismo dos países ricos. A CSN e a Usiminas
devem ser as maiores beneficiadas, segundo especialistas
que acompanham o setor.
Desde 2005, a compra de aço
importado não pagava imposto
no país. Quando a tributação foi
reduzida, o argumento do governo era o de que a economia
estava aquecida e a produção
nacional não conseguiria atender toda a demanda sem aumentos de preços.
Com isso, o governo decidiu
incluir chapas, bobinas e barras
de aço no que é tecnicamente
conhecido como lista de exceção do Mercosul. Por meio desse mecanismo, cada país pode
escolher produtos que deseja
taxar acima ou abaixo das alíquotas que são acordadas entre
os países do bloco econômico.
Agora, a Camex (Câmara de
Comércio Exterior) resolveu tirar os sete produtos siderúrgicos da lista de exceção. Com isso, voltam a vigorar as alíquotas
que estão previstas para importações do Mercosul.
O setor siderúrgico nacional
já vinha discutindo com o governo a elevação do imposto há
pelo menos dois meses. A decisão da Camex tem como base
um pedido formal do setor. Inicialmente, o governo não quis
fazer nenhuma alteração no
imposto por temer que as siderúrgicas nacionais subissem
seus preços e isso tivesse impacto na inflação.
Na decisão de agora, o governo considerou também a perda
de empregos no setor. A Usiminas anunciou a demissão de
810 trabalhadores, depois de
um programa de demissão voluntária de 516 pessoas. A empresa suspendeu parte dos desligamentos, mas o Ministério
do Desenvolvimento diz que
não há relação entre o aumento
do imposto e as demissões.
"[A medida] é indispensável
ao processo de retomada do nível de atividades da siderurgia e
a preservação de empregos no
setor e diante do quadro de forte crise do mercado de aço que
ora se observa no mundo", avaliou a direção do IBS (Instituto
Brasileiro de Siderurgia) em
nota distribuída à imprensa.
"Essa certamente é uma resolução temporária, porque o
país terá que lidar com pressões internacionais e dos compradores internos", analista de
siderurgia da corretora Banif.
Concorrência
Não é que o volume total de
importações de aço tenha aumentado em relação às médias
históricas. Na verdade, a crise
derrubou as exportações, fazendo com que sobrasse mais
aço para o mercado interno.
A justificativa do setor é que
as siderúrgicas locais perdem
mercado duplamente: a demanda dos compradores nacionais caiu, e o Brasil também
perdeu parte dos mercados para onde tradicionalmente exportava. A participação dos estrangeiros nas vendas internas
aumentou de 8% para 14% com
a crise internacional.
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