São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PETRÓLEO
Governo comemora resultado, mas consumidor não vai sentir efeito; Brasil pode ser auto-suficiente em 2005
País produz 1,3 milhão de barris por dia e bate recorde

Alan Marques/Folha Imagem
O ministro Rodolpho Tourinho, FHC e o presidente da Petrobras, Henry Phillippe Reichstul


OTÁVIO CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil atingiu na última sexta-feira a produção de 1,3 milhão de barris de petróleo por dia. O número é o recorde já obtido pela Petrobras e representa 76% do consumo diário brasileiro, que é de 1,7 milhão de barris.
Somente a Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, é responsável pela produção de 1 milhão de barris diários, o equivalente a 77% da produção nacional. O aumento da produção, porém, não deverá ter nenhum impacto no preço interno dos combustíveis. Ou seja, para os consumidores o fato de o país bater recorde de produção não terá, pelo menos no curto prazo, nenhum efeito prático.
O anúncio de que o país atingiu recorde de produção foi feito ontem em evento no Palácio do Planalto que contou com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, do ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, e do presidente da Petrobras, Henry Philippe Reichstul.
"Hoje é um dia que nós temos de celebrar o fato de que a Petrobras passou a produzir somente na Bacia de Campos 1 milhão de barris de petróleo por dia. Isso é um feito importante", declarou o presidente Fernando Henrique Cardoso.

Auto-suficiência
De acordo com Reichstul, a expectativa do governo federal é que em cinco anos o Brasil seja auto-suficiente na produção de petróleo e deixe de importar o produto -cerca de 30% do petróleo consumido atualmente vem do exterior.
Em 2005, a previsão da Petrobras é que a produção e o consumo atinjam 2 milhões de barris diários.
"A visão otimista é que até 2005 o Brasil alcance a auto-suficiência na produção de petróleo", afirmou Reichstul. "Temos condições de cumprir essa meta caso a economia cresça 4% ao ano até 2005."
Essa auto-suficiência, entretanto, não deverá baixar o preço dos combustíveis para os consumidores brasileiros. Segundo o ministro Rodolpho Tourinho, para atrair empresas estrangeiras para a exploração de petróleo no Brasil foi acertado que os preços do combustível seguirão os preços internacionais.
Por outro lado, esse aumento da produção e diminuição da exportação trará reflexos nas contas do governo. "O impacto na balança comercial será importante e imediato", segundo afirmou o ministro Tourinho. No ano passado, a importação de petróleo e seus derivados custou ao país mais de US$ 4 bilhões.

Investimentos
O aumento na produção será possível graças aos 35 novos contratos de exploração de áreas de petróleo firmados entre a Petrobras e consórcios nacionais e internacionais. Desses 35 contratos, a Petrobras entra em 30 deles como sócio na produção.
Dessa produção de 2 milhões de barris ao dia, a expectativa é que a Petrobras seja responsável por 1,8 milhão de barris. Os 200 mil restantes serão produzidos pelas empresas privadas.
Na cerimônia, foi anunciado o investimento de US$ 4,45 bilhões para projetos de exploração e produção de petróleo na Bacia de Campos.
Desse valor, US$ 2,5 bilhões serão destinados à exploração de poços de petróleo na área de Barracunda/Caratinga; US$ 1,1 bilhão irá para os poços de Espadarte, Voador e Marimbá e US$ 850 milhões já foram destinados à exploração de gás em Cabiúnas.
Segundo Reichstul, 60% do investimento vem de bancos japoneses e investidores estrangeiros. Os outros 40% serão financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A contratação de serviços e a compra de equipamentos para a exploração de petróleo na Bacia de Campos serão responsabilidade da empresa norte-americana Halliburton Company, que deve terceirizar parte dos serviços para estaleiros do Rio de Janeiro.
FHC afirmou que esse contrato deve fazer renascer a indústria naval brasileira. A expectativa é que sejam criados 12 mil novos empregos, 3.000 deles no próximo ano.


Colaborou Daniela Nahass, free-lance para a Folha

Texto Anterior: Preços: Inflação no semestre é a menor desde 39
Próximo Texto: Repsol põe limite para acordo com Petrobras
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.