DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O trabalhador da ZFM (Zona Franca de Manaus) é melhor e mais barato que o "similar" chinês. É o que dizem empresários chineses e sindicalistas brasileiros que atuam no pólo industrial amazonense.
"A nossa linha [de produção em Manaus] tem uma eficiência maior que a da fábrica da China. Chega a 30% mais. A mão-de-obra amazonense foi treinada por grandes escolas, como a Gradiente, a Sharp, não vamos negar. A eficiência deles é tão boa como em qualquer outro lugar do mundo", diz Tseng Yun, 45, há cinco anos no país. Ele é diretor comercial da Proview, empresa de capital privado chinês que tem três fábricas de monitores para computador na China e uma no Brasil.
Tseng Yun diz que a média salarial de um operário em suas fábricas na China é de cerca de US$ 100 (R$ 284) -valor confirmado pela Folha.
Na ZFM, segundo o presidente regional da CUT, Waldemir Santana, os operários que trabalham nas indústrias de capital chinês ganham de R$ 240 a R$ 290, menos do que pagam empresas de outras nacionalidades instaladas em Manaus.
Santana diz que a proposta salarial dos chineses "é um massacre", mas que os trabalhadores a aceitam devido ao alto nível de desemprego na região.
Nos anos 90, a Zona Franca chegou a empregar 100 mil trabalhadores. Hoje, as cerca de 400 empresas empregam 62 mil pessoas, e há cerca de 45 mil operários desempregados.
"A nossa média salarial é menos de US$ 100, é mais barata que na China. Eles encontraram na ZFM um filão. Lá é US$ 100, mas eles dão escola, saúde. Aqui nós é que temos de correr atrás disso", disse Santana.
Segundo a Flex, empresa brasileira que tem parceria com a estatal chinesa SVA, a linha de produção de aparelhos de DVD de Manaus é 20% mais produtiva do que a de Taiwan.
A SVA tem o empacotador de DVD mais rápido da ZFM: Jânio Matos de Oliveira, 36, que embala um aparelho em 17 segundos e ganha R$ 270 líquidos.
"O caboclo amazonense tem capacidade de fazer qualquer trabalho. Fazemos tão bem como na matriz", disse Matos, que fala inglês e estuda para o vestibular do curso de letras.
(KÁTIA BRASIL)


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