São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2005

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Política já afeta confiança, diz FGV

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A avaliação que o consumidor faz da economia do país e suas expectativas em relação ao futuro voltaram a cair em junho, movimento que a FGV (Fundação Getúlio Vargas) interpreta como resultado da crise política, aliada à desaceleração da economia.
Segundo a FGV, depois de mostrar uma pequena recuperação em maio, a confiança do consumidor retomou a trajetória de pessimismo iniciada em janeiro.
"As perguntas relacionadas à situação do país costumam ser influenciadas pelo noticiário e a crise tem capacidade de afetar ainda mais a confiança do consumidor se persistir esse ambiente político nebuloso", disse o coordenador da Sondagem de Expectativa do Consumidor, Aloisio Campelo.
Desde o início da pesquisa, em outubro de 2002, a única vez em que a avaliação do consumidor foi afetada pelo cenário político foi em abril de 2004, com as denúncias envolvendo Waldomiro Diniz, então subchefe da Casa Civil.
Na época, a crise foi rapidamente debelada e a economia estava em fase de recuperação. Atualmente, economia e política mostram sinais de deterioração, com efeitos da política monetária restritiva e acusações envolvendo o PT e integrantes do governo.
"Se houver uma demora no equacionamento da crise, o impacto sobre a confiança pode ser maior do que o da crise do ano passado", disse Campelo.
Ele explicou que a confiança do consumidor teve quedas consecutivas desde o início do ano, mas essa tendência ganhou novo fôlego em junho, com a inclusão do componente político.
Na sondagem de junho, a maioria dos consumidores classifica a situação econômica do país como ruim: 52,7%, o maior percentual desde agosto de 2004.
Na avaliação sobre o futuro econômico da família, o percentual dos que crêem em piora nos próximos seis meses passou de 6,5% em maio para 7,9% em junho.
A pesquisa mostrou melhora nas expectativas sobre mercado de trabalho e inflação. Para a maioria dos entrevistados, a inflação deve encerrar o ano na faixa de 8,7%. E passou de 6,3% a 10,2% o percentual dos que crêem que será mais fácil encontrar trabalho.


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