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Fundos de emergentes têm captação recorde
Ações de países como o Brasil voltam a atrair interesse de investidores estrangeiros com sinais de arrefecimento da crise
Para especialista, existem motivos para otimismo, mas investidores em Bolsa
e em títulos de dívida ainda
podem sofrer novas perdas
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos de ações dos mercados emergentes (Ásia, sem
considerar o Japão, mais países
da América Latina) registraram entrada de recursos de
US$ 26,5 bilhões no segundo
trimestre deste ano -o montante supera o recorde de
US$ 22,4 bilhões do último trimestre de 2007-, segundo a
consultoria EPFR Global.
Enquanto isso, no mesmo
período de abril a junho, os fundos de ações dos EUA, da Europa e do Japão tiveram queda de
US$ 7,6 bilhões, evidenciando
que os grandes investidores
globais perderam o medo dos
ativos de maior risco.
A quebra do banco americano de investimento Lehman
Brothers, em setembro de
2008, detonou um movimento
de fuga dos mercados considerados mais arriscados -dentre
eles o Brasil. Os investidores tiraram seu dinheiro desses lugares para cobrir as fortes perdas que tiveram nos EUA e na
Europa com os ativos atrelados
ao mercado imobiliário e também para se refugiar em destinos relativamente mais seguros, como os títulos do Tesouro
americano. A Bovespa teve
queda de 33% no quarto trimestre do ano passado.
Para combater a recessão,
entretanto, os países mais ricos
tiveram que cortar suas taxas
de juros -em alguns deles, os
investimentos chegaram a ter
rendimento negativo. Por isso,
assim que pararam de sair notícias catastróficas sobre o sistema financeiro no mundo desenvolvido, os investidores decidiram buscar alternativas
mais atraentes em outros destinos. A partir de março, então, a
Bolsa brasileira voltou a subir,
acumulando alta de 46%.
"Os preços das commodities
agrícolas e metálicas, que representam uma boa parte das
exportações do Brasil e também são produtos negociados
por muitas empresas que têm
ações em Bolsa, se recuperaram após a forte queda entre o
fim de 2008 e o início de 2009.
Além disso, o governo brasileiro está fazendo um bom trabalho na gestão das consequências da crise", afirma Brad Durham, diretor da EPFR Global.
"Essa rápida recuperação dos
preços dos ativos já foi registrada no passado. Quando os investidores perceberam que o
céu não ia cair sobre as nossas
cabeças, voltaram a espalhar o
seu portfólio pelo mundo."
O pior pode ter passado, mas
ainda faltam sinais mais sólidos
de que a retomada global está
de fato começando. Daí o fato
de há semanas a Bovespa ter
empacado no nível de 50 mil
pontos. Segundo dados da
EPFR Global, o ritmo de captação de recursos pelos fundos de
ações dos mercados emergentes diminuiu em junho -duas
semanas atrás, houve inclusive
fortes retiradas. "Os investidores se deram conta de que, embora o fundo do poço tenha ficado para trás, ainda há um
longo caminho a ser percorrido
até o fim da crise", diz Durham.
Na avaliação dele, há, sim,
motivos para otimismo. No entanto, é preciso considerar que
correções de preços e momentos de desânimo ainda podem
impingir perdas a quem aplica
na Bolsa ou em outros tipos de
papel, como títulos de dívida.
Para Durham, o desempenho
do Brasil nos últimos meses pode acalmar os analistas que
alertam sobre os perigos de fluxos tão violentos de entrada e
saída de recursos do país. Ao
contrário do que aconteceu em
turbulências anteriores, a moeda local se desvalorizou, mas a
inflação permaneceu sob controle e não houve pânico. "Essa
maior estabilidade é um dos
atrativos do país. Por isso, pode-se esperar que o Brasil continue recebendo recursos nos
próximos meses."
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