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LUÍS NASSIF
A siderurgia global
Há dois anos teve início um
processo global de fusões
no setor siderúrgico que mudou
a escala das empresas globais.
Com menos de 40 milhões de toneladas/ano de produção não
será possível competir globalmente. Grupo bem administrado, arrojado, a Gerdau produz
apenas 8 milhões de toneladas.
É hora de começar a pensar em
uma política de estímulos à fusão que permita ao país dispor
de uma siderúrgica global assim
como já possui uma mineradora, a Vale, e uma empresa aeronáutica global, a Embraer.
Nos últimos anos, a Belgo Mineira assumiu diversas siderúrgicas, transferindo o centro de
decisões para Luxemburgo, e
agora se tem a desnacionalização da CSN, com a incorporação
pela Corus.
A privatização do setor foi pulverizada no Brasil, até pelas dificuldades políticas. A lógica das
fusões acabou prejudicada por
disputa entra as corporações das
principais empresas privatizadas.
Seria relevante que o atual governo iniciasse estudos visando
criar mecanismos de indução a
uma grande fusão que permitisse a criação da super-siderúrgica
brasileira, com sócios de vários
países e boas práticas de governança corporativa. Inclusive a
tempo de impedir a desnacionalização da CSN.
Lafer e Bush
Recebo do ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, sua
versão sobre as tratativas para
aproximação entre os presidentes Fernando Henrique Cardoso
e George W. Bush, contestando
alguns pontos da versão publicada na coluna de sexta passada.
Um dos pontos dizia que, depois de um pré-acordo com o governo norte-americano para que
a Alca se iniciasse em 2005, teria
havido uma proposta unilateral
de mudança para 2006, que teria
provocado algum curto-circuito
nas relações.
Pela cronologia de Lafer, em
dezembro de 1994, na Primeira
Cúpula de Miami, definiu-se
2005 como data limite. Esse prazo foi reiterado na Segunda Cúpula das Américas, realizada em
Santiago em 1998. Na reunião
do Comitê de Negociações Comerciais da Alca realizada em
Lima, em janeiro de 2001, o Chile propôs a antecipação do final
das negociações para 2003, com
aprovação pelos parlamentos
em 2004 e entrada em vigor da
Alca em 1º de janeiro de 2005.
O Brasil propôs, então, manter
2005 para a conclusão das negociações, evitando antecipar a data. Para tanto, houve intensa articulação, com visita aos quatro
países do Mercosul em fevereiro
de 2001 e, depois, ida a Nova
York e Washington. Lá, Lafer esteve com as três figuras-chave do
governo Bush -Zoellick, Powel
e Condoleezza Rice, assessora de
Segurança Nacional da Casa
Branca.
Na reunião ministerial da Alca
em 6 e 7 de abril, em Buenos Aires, confirmou-se 2005 para a
conclusão das negociações e dezembro daquele ano para o início da Alca. Essa recomendação
foi reafirmada na Reunião de
Cúpula de Quebec, em abril de
2001.
Em 7 e 8 de novembro de 2001
houve um novo encontro em
Washington, com a presença de
Bush, Rice, John Maisto, assessor
para América Latina do Conselho de Segurança Nacional da
Casa Branca, Lino Gutierrez, secretário-assistente interino do
Departamento de Estado, Garry
Edison, assessor do Conselho de
Segurança Nacional da Casa
Branca, Andrew Carr, chefe de
Gabinete da Casa Branca e Eric
Eddlemon, assessor do gabinete
do vice-presidente. Pelo lado
brasileiro compareceram Fernando Henrique, Lafer, Rubens
Antonio Barbosa, embaixador
em Washington, e Eduardo dos
Santos.
Segundo Lafer, a aproximação
entre Bush e Fernando Henrique
foi feita através de canais diplomáticos -as embaixadas de
ambos os países. Sustenta também que mantém "excelentes relações" com Condoleezza Rice. A
versão divulgada pela coluna é
que teria havido algum estremecimento entre ambos, quando
Lafer recorreu a Zoellick para o
encontro com FHC.
O ponto de concordância das
versões é que o discurso na Fernando Henrique na Assembléia
Nacional de Paris provocou o estremecimento com o governo Bush.
E-mail - lnassif@uol.com.br
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