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AUTOMÓVEIS
Exportação deve levar produção a 2,1 mi de unidades no ano; setor teme gargalos e quer incentivos ao mercado interno
Indústria prevê produção recorde de veículos
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A projeção da indústria automobilística para a produção de
veículos, caminhões e ônibus neste ano é de 2,1 milhões de unidades, um recorde histórico, puxado em grande parte pela alta nas
exportações. O setor revisou sua
expectativa para o crescimento
das vendas externas em relação ao
ano passado de 25% para 36%, ou
seja, para uma receita de US$ 7,5
bilhões, também um recorde.
Os resultados são muito favoráveis, mas as montadoras, além do
estímulo de uma reação mais intensa do consumo interno, têm
dois desafios pela frente: atrair investimentos das matrizes para
não perder competitividade no
mercado internacional e resolver
os gargalos de fornecimento, que
ameaçam se tornar mais sérios a
partir do ano que vem.
De 1996 a 1998, o investimento
anual médio do setor no país foi
de US$ 2,3 bilhões. Como o capital aplicado não retornou, o montante caiu para menos que a metade, US$ 1,1 bilhão, entre 2002 e
2003. Regiões como Ásia e Leste
Europeu, em contrapartida, foram beneficiadas.
O temor é que as plataformas
brasileiras se tornem obsoletas ao
longo dos próximos anos, o que
poderia comprometer as exportações. Esse é um dos principais argumentos que as montadoras devem levar ao governo quando pedirem a aprovação de uma política industrial para o setor.
A meta a ser apresentada pela
indústria é chegar a 2 milhões de
unidades vendidas no mercado
interno e mais 700 mil exportadas
em 2006, gerando 930 mil novos
empregos.
Hora errada
Mas a avaliação das montadoras, de acordo com um executivo
ligado ao setor, é que este não é o
melhor momento para colocar
uma proposta na mesa, já que dificilmente o governo aprovaria
pedidos mais ambiciosos, como
de renúncia fiscal, em uma hora
em que os números do setor parecem melhores do que nunca.
O receio de apresentar um plano mais "light", com pedidos que
não envolvam grandes custos para o governo, é que o crescimento
seja um "vôo de galinha", ou seja,
que não se mantenha no próximo
ano. E que a indústria tenha de
voltar ao governo com novas propostas em 2005. No dia 11 deste
mês, as montadoras devem se
reunir para decidir se e qual proposta será apresentada.
Ontem, durante a divulgação
dos dados da Anfavea, o presidente da entidade, Rogelio Golfarb, negou que exista uma proposta fechada ou mesmo uma data para reunião com o governo.
Outro temor da indústria é que
o fornecimento de peças a partir
de 2005 não seja suficiente se o nível atual de demanda externa e interna se mantiver. Para este ano,
avalia o setor, deve ser suficiente,
apesar de alguns problemas localizados.
"Para investir, estamos aguardando sinais de que o crescimento é sustentável e que as exportações vão se manter nesses níveis.
A indústria hoje está fazendo terceiro e quarto turnos, mas ainda
sem muita confiança", diz Paulo
Butori, presidente do Sindipeças.
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