São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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AUTOMÓVEIS

Exportação deve levar produção a 2,1 mi de unidades no ano; setor teme gargalos e quer incentivos ao mercado interno

Indústria prevê produção recorde de veículos

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A projeção da indústria automobilística para a produção de veículos, caminhões e ônibus neste ano é de 2,1 milhões de unidades, um recorde histórico, puxado em grande parte pela alta nas exportações. O setor revisou sua expectativa para o crescimento das vendas externas em relação ao ano passado de 25% para 36%, ou seja, para uma receita de US$ 7,5 bilhões, também um recorde.
Os resultados são muito favoráveis, mas as montadoras, além do estímulo de uma reação mais intensa do consumo interno, têm dois desafios pela frente: atrair investimentos das matrizes para não perder competitividade no mercado internacional e resolver os gargalos de fornecimento, que ameaçam se tornar mais sérios a partir do ano que vem.
De 1996 a 1998, o investimento anual médio do setor no país foi de US$ 2,3 bilhões. Como o capital aplicado não retornou, o montante caiu para menos que a metade, US$ 1,1 bilhão, entre 2002 e 2003. Regiões como Ásia e Leste Europeu, em contrapartida, foram beneficiadas.
O temor é que as plataformas brasileiras se tornem obsoletas ao longo dos próximos anos, o que poderia comprometer as exportações. Esse é um dos principais argumentos que as montadoras devem levar ao governo quando pedirem a aprovação de uma política industrial para o setor.
A meta a ser apresentada pela indústria é chegar a 2 milhões de unidades vendidas no mercado interno e mais 700 mil exportadas em 2006, gerando 930 mil novos empregos.

Hora errada
Mas a avaliação das montadoras, de acordo com um executivo ligado ao setor, é que este não é o melhor momento para colocar uma proposta na mesa, já que dificilmente o governo aprovaria pedidos mais ambiciosos, como de renúncia fiscal, em uma hora em que os números do setor parecem melhores do que nunca.
O receio de apresentar um plano mais "light", com pedidos que não envolvam grandes custos para o governo, é que o crescimento seja um "vôo de galinha", ou seja, que não se mantenha no próximo ano. E que a indústria tenha de voltar ao governo com novas propostas em 2005. No dia 11 deste mês, as montadoras devem se reunir para decidir se e qual proposta será apresentada.
Ontem, durante a divulgação dos dados da Anfavea, o presidente da entidade, Rogelio Golfarb, negou que exista uma proposta fechada ou mesmo uma data para reunião com o governo.
Outro temor da indústria é que o fornecimento de peças a partir de 2005 não seja suficiente se o nível atual de demanda externa e interna se mantiver. Para este ano, avalia o setor, deve ser suficiente, apesar de alguns problemas localizados.
"Para investir, estamos aguardando sinais de que o crescimento é sustentável e que as exportações vão se manter nesses níveis. A indústria hoje está fazendo terceiro e quarto turnos, mas ainda sem muita confiança", diz Paulo Butori, presidente do Sindipeças.


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